e virei animal irracional também
e ruminei poemas ao luar
e flatulei poesias aos dias
e mastiguei comida mastigada doutra boca
e doutro estômago fisiológico desci pelo
exôfago
e rarefeito em embolia pela laringe
e atravessei a faringe liquefeito suco gástrico
e amargor da bílis pastoso surfei por
outros tubos porém conheci o mundo
selvagem do submundo mendigo do político imundo
e sanguessuga só suguei sangue venoso ou
artificial ou encontrado no lixo pois o
sangue arterial me fazia mal todo dia
e me arruinava não me melhorava
e fazia hemodiálise fazia transfusão era
só confusão taquicardia em meu coração
e efeito colateral da rejeição
e enferrujado era expulso do peito estragado
um coração estagnado estrangulado que
nenhum peito sadio abrigava pois só
habitava entre os habitantes marginalizados
das estradas tais pedintes de encruzilhadas
mulheres putréfatas putas prostituídas
nos prostíbulos cobertas de feridas ou
travestis violentadas ainda crianças estupradas
que todos escondiam por motivos religiosos
ou morais ou por status quo ou sine qua non
e as flores do mal de poesia surreal ou
do poema regurgitado entre nacos de carne
viva crua mal mastigada mal passada ou o
vômito engolido aos arrancos espasmódicos
e espermas de caďáveres encontrados em
necrotérios cujos gases fazem parecer vivos
mas é só uma má impressão dum fogo fátuo
que qualquer morto causa depois de morto
ao meter mais medo do que o vivo estranho
que é encontrado pelas curvas das estradas
BH, 0170302023; Publicado: BH, 050402023.
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