passeia com essa mão por teus organismos
intestinos entranhas reentrâncias saliências
vales cânions montanhas picos cordilheiras
essa mão é cega mão de cego enxerga pelo
tato pela pele pelos buracos póros essa mão
é mão morta de morto nunca fez nada nunca
construiu ou edificou é mão de anão onã
mão de pagão procrista nunca plantou o
trigo amassou o pão é mão perdida no vào
da escada nas curvas das estradas no vácuo
da vida já agrediu muito não deu esmolas
nunca se postou em oração nunca fez um
carinho uma retribuição uma ternura um
gesto de positividade de paz de perdão de
amor é mão assassina arranca o bem pela
raiz perversa não escreve versos pelo
contrário mata a poesia latente destrói o
poema poente é mão de lenhador de quem
sabe manipular uma motosserra um
machado uma máquina que arrasta
correntão é mão de menino malino maligno
que abre ovo de passarinho no ninho é mão
que não serve para pergaminho nem fazer
manuscritos partituras escrituras linhas
presentes é mão calejada de cajado ralada de
vara machucada de varão aleijado por dentro
pelo mal causado pela religião do dito cristão
BH, 0150702025; Publicado: BH, 0230702025.