segunda-feira, 28 de julho de 2025

a cada dia que passa escrevo menos

a cada dia que passa escrevo menos
leio menos falo menos vejo menos vivo
menos como se fosse desaprender das coisas
desapegar das letras no apagar das palavras
ao enturvar dos pensamentos passo hora na
expectativa diante das linhas das paralelas
das passarelas às vezes até de madrugada
na esperança de ser honrado por algum ente
iluminado do universo que queira me
mandar um verso um soneto mesmo de pé
quebrado um raicai um rap do hip hop
qualquer coisa porém nada nado em vão no
vão da sacada nenhuma sílaba monosilaba
disilaba trisilaba quanto mais uma polisilaba
fiquei mudo o resto da vida perdi a língua o 
idioma as cordas vocais cardíacas pêniais o
pêndulo não oscila mais só meus ais ecoam
nas paredes ocas nuas que parecem muros
de cemitérios velhos abandonados com as
cruzes caídas para os lados esqueletos
encostados as caveiras tristes os ossos
quebrados nunca mais vi um cometa nem o
de halley ou uma estrela cadente sou só um
velho septuagenário doente à espera do
poente não mais serei um sol nascente

BH, 0150702025; Publicado: BH, 0280702025.

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