tens que buscar o fio da meada confesso que não entendi a
metáfora o cara continuou repetiu tens que encontrar o veio
da lavra confesso que também não entendi a metafísica de
batear de separar o joio do trigo ficava com a joia rara a pérola
negra branca da cor que for o ouro maciço para fazer o
feitiço acontecer mesmo que não sejas bruxo mago ou outra
coisa que queiras ser tens que decidir com ousadia com
audácia com coragem de enfrentar a aragem da madrugada
mais tenebrosa a brisa mais horrorosa a poesia não nasce
numa rosa ou num lírio ou num sorriso duma criança
poesia não é elite não é burguesia é maresia salgada o sal
da terra na pele na ferida aberta lombrei que cara doido
fala coisa por coisa palavras que não dizem nada letras que
não formam tesouros besouros espetados vivos em alfinetes
meninos queimados vivos meninas assadas em espetos de
defumadores não teve jeito perdi o fio da meada bati
cabeça a noite toda bebi mais do que deveria fui parar numa
delegacia os policiais tentaram me agredir me ameaçaram
de morte com arma em punho mostrei um livro que trazia
comigo que foi o meu escudo foi a minha proteção vi que
meti mais medo em toda guarnição fui liberado quando o
dia raiou sem nenhum arranhão sorte minha meu irmão
BH, 070702025; Publicado: BH, 0130702025.
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