quinta-feira, 31 de julho de 2025

não conheço um poeta que tenha agredido uma mulher

não conheço um poeta que tenha agredido uma mulher
ou batido na santa face duma mulher ou que levantou a
mão à uma deusa mulher a profanar seu sagrado
semblante ou um simples empurrão a jogar o andor no
chão igual a um iconoclasta a destruir uma imagem
num altar na hora que algo assim acontecer no ato o
poeta cai no chão em maldição deixa de ser poeta
bendito passa à galeria dos seres malditos vai direto
para o  corredor da morte cadafalso força fuzilamento
lapidação pública fogueira da inquisição autópsia em
vida dissecação amputação sem sedação quaisquer
castigos são poucos a um poeta que para uma mulher
levanta a mão num feminicídio é o fim da carreira do
judas num suicídio o melhor é levantar outra coisa
o altar eleva os olhos ausculta o coração pode ser por
exibição em oração louvor devoção por apologia ao
sensacionalismo não importa vai todo mundo saber
que é por puro amor vai curtir compartilhar viralizar rir o
poeta está ali a beijar a mulher amada na boca que
coisa louca quer aparecer quer lacração monetização
não faz mal só não pode é levantar a mão é sacrilégio é
heresia não é poeta é herege de que adianta bater numa
mulher aí apanhar dum homem ou até mesmo da
própria mulher? aprendamos com o poeta para o que
foi feita a mulher então para o amor para a paz para o
perdão para o gozo da salvação para o prazer da
vida para a prece a reza a oração poema poesia ode à
alegria sonetos todas as horas todas as noites todos os dias

BH, 090702025; Publicado: BH, 0310702025.

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