sexta-feira, 11 de julho de 2025

nada que escrevo me regata das trevas que nado

nada que escrevo me resgata das trevas que
nado
nem poesia como se soubesse o que é poesia onde
morro afogado nem poema como se também soubesse
o que é poema onde sufocado no vômito debato
nada salva-me das sombras onde estou crucificado
ou das penumbras onde latejo na escuridão nem luz
de farol nem luz da lua nem luz do sol nem luz da rua
nada devolve-me a alegria nem a ode à alegria 
as suítes
as cantatas as fugas para jesus a alegria dos homens
de bach nada me recupera do ostracismo já tentei
dum tudo virei um nada já nadei em mar aberto quase fui
parar no fundo já bebi todas mais algumas nas madrugadas
das garrafadas das goladas quebrei a cara nas quebradas
levei porradas dei porradas esporradas parei em delegacias
em hospitais fui botado para correr apanhei do forte descontei
no fraco tive medo dos valentões meti medo nos covardes
quo vadis não sei para onde vou não vou para o céu
vou para a zona tomar mais umas ou outras se não tiver
umas putas me alivio numas travestis o negócio
não é chorar
é sorrir chorar é para quem é infeliz sou feliz como uma
meretriz que recebeu um quinhão pelo bom trabalho
prestado a algum alheio coração estou bêbado
não nego
neu irmão bebi demais meu nego porém para quem
nunca teve nada perdeu tudo beber demais nunca é muito

BH, 070702025; Publicado: BH, 0110702025.

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