O andarilho ancião rasgou os
Meandros das sombras uma voz das
Trevas se faz ouvir nos tímpanos
Envelhecidos dos seus ouvidos enferrujados
Que procuras velho decrépito com
Esse único olho vítreo de cobra cega?
O senil arfa a frase perfeita o período
Com pé inteiro a sentença de veredicto
Nobre o parágrafo único o artigo primeiro
Toda a vida tiveste para essas baboseiras pueris
Com a morte nas costas em pele e osso
Mais osso do que pele inda tateias
A babar gosmento ruminante nojento
Com essa mão trêmula de fantasma que
Não segura uma pena ao vento não
Desistirei trevoso hei duma obra-prima
Imortalizar hei duma obra de arte
Perpetuar antes ou depois de me mortificar
Faças-me chorar se na diversão só sabes
Dar trabalho velho bobão quem se importará
Com o que queres perpetuar ou imortalizar?
Conheço todos os seres entes entidades
Almas espíritos assombrações fantasmas
Aparições nas minhas premonições não
Entram as tuas reminiscências vade
Retro capiroto não sou o Fausto a ti
Não dou aparte meus pensamentos
Não penetras se não fosses tão sem valor
De alma tão mesquinha pequena
Daria-te uma canga bruta para veres de
Quem se trata de ti não tenho medo
Nem no claro nem no escuro pisa
Quem te daria seria eu o ancião tal
Qual dei no Lampião se acender
O meu cachimbo rezado pela mãe de
Santo der uma baforada em teus
Chifres jogar cinza em teu cangote
Faço-te desaparecer seu bitre olha
Que não vou levantar nem o meu
Patuá a folhagem farfalhou bravia
Como se algo a sacudia o andarilho
Rasgou os meandros das sombras em silêncio
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