E bates a porta da geladeira
E fazes barulho com as panelas na cozinha e
Pisas com força o chão da casa e
Abres violentamente as gavetas
A procurar incomodar ou
Descarregar teu ódio nas coisas
E rasgas os cartazes das paredes
E rasgas as capas dos livros e
Sempre a procurar um modo de vingança
E tocas violão e agrides e feres
Com o mesmo violão
E fazes canções de amor
E tiras sangue dos irmãos nas porradas
E não respeitas os mais velhos
E sempre procuras ser melhor
E o que bancas o educado
E chegas da rua com a cara fechada
A parecer um machão
E não falas com ninguém
E nem comprimentas as pessoas
E tocas flauta até tarde da noite
A chamar a atenção
E falas que és homem
E que tens muitas mulheres
E que falas que não és bobo
E que és inteligente
E que entendes das coisas
E que és valente
E que enfrentas os anciãos
E que não apanhas de ninguém
E falas que lês os jornais
E que vais à escola
E que andas bem informado
E que andas bem vestido
E que não dás arrotos
Mas fazes coisas piores
E estás sempre mau humorado
E não sabes ser humilde
E estás sempre nervoso
E queres tudo para ti
Não respeitas ninguém
E contas mentiras
E enganas aos outros
E só conheces a violência
E só conheces o ódio
E estás a te transformar
Parece que num monstro
Nos modos de agir
E tenho medo de ti
Um bicho do mato
Um animal indomável
Infelizmente selvagem.
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