Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
terça-feira, 30 de setembro de 2025
sou apenas a mãe tenho porte peito de pai
sou apenas a mãe tenho porte peito de pai
sou apenas a mãe de seio nada mais o corvo
que cantou no umbral nunca mais assomou a
soleira da janela na porta o cachorro que falou
com o fausto que daria tudo ficou mudo tal ao
cão que encantou saramago o cérbero de três
falsas fauces que guarda o portal do hades o
inferno de caronte que cobra uma moeda para
carregar as almas na barca à deriva ǰudas
cobrou trinta para entregar uma que nem era a
dele ainda deu um beijo para que ninguém
desconfiasse antes caim entregou a do irmão
recebeu um sinal sumiu não dou nada só tomo
até o que não posso carregar sou o mau ladrào
o judeu que esmaga o dedão com o calcanhar
que ajuda a dizimar gaza a exterminar a
palestina o predador a cometer genocídio numa
terra que não é minha porém tenho que tomar
não importa o preço que vou cobrar ou que vou
pagar até apagar dessa terra as pisadas as
pegadas os detalhes os vestígios os resquícios
dos verdadeiros donos entrei aqui de intrujão
de intrusão quem ficar vira cinza areia para
dunas fumaças para simulacros carniças para
urubus restos mortais para museus postais de
paisagens de terror quadros para paredes de
horror vou derreter tudo ao redor quando o
mundo acordar do pesadelo direi era só um
sonho duma civilização a menos não era
ninguém não era nada vamos rezar o shemá
fazer nossas orações shacharit minchá aravit
maariv ler a cabala vale tudo para manter a fé
pôr israhell de pé depois sabá ave leviatã
BH, 0240902025; Publicado: BH, 0300902025.
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
ainda há a escrita interessante dos grandes cientistas da literatura?
ainda há a escrita interessante dos grandes cientistas da literatura?
dos grandes mestres das letras das palavras? ou acabaram-se os encantos com cantos
cantigas cantatas romances poemas? que
dilema assalta o meu coração com saltos mais
saltos em falsos que chegam a pulsar em
falsetes os pulsos a vibrar em falsetos em
oitava a disparar disritmado sem cadência
acelerado como se fosse um celerado
sarrameno um homem-bomba do hamas xiita
taliban de meca medina maomé aonde andam
os livros? antigamente um país se fazia com
homens com livros hoje não encontramos
homens-livros ou livres nem com lanternas
acesas à luz do dia nem encontramos os livros
que nos causavam alegria só tristeza é o que
sentimos com o nosso colonialismo só
melancolia com o imperialismo só infelicidade
com o capitalismo ou a burguesia que cada vez
mais quer beber nossa hemorrragia a elite quer
se banhar no nosso sangue suor bem
temperado o mercado não tem dó nem do pobre
que faz a razão do rico haja carne no frigorífico
só sebos nervos ossos em fraturas expostas
músculos à flor da pele carne apodrecida
gordura super saturada trans sal sódio açúcar
em demasia tudo bem propagandeado para enganar as vítimas do mercado o gado ou fazer
do trabalhador um pelego um escravo preso do
sistema das igrejas dos bancos patrões das
sociedades opressoras
BH, 0130602025; Publicado: BH, 0290902025.
nave que há quarenta oito anos navega o universo
nave que há quarenta oito anos navega o universo
ainda não comprovou que temos companhia noutros
mundos então continuarei sozinho neste mundo
solitário a fazer imundícies como um homem
qualquer ao navegar pelo infinito a poluir os recônditos
sem paz sem amor a predar a fauna universal
a exterminar a flora colossal sem se preocupar
que com isso também irá si acabar sem atingir o
bem sem ser bom com alguém sem consolidar a
perfeição da espécie só a transformar tudo em monturo
em montanhas de lixos em ruínas depósitos de carcaças
coleções de sucatas molambos pelantas cinzas rugas
não há então nenhum planeta tão belo quanto este
que fazemos questão de empestiar várias vezes pois
somos umas pestes pragas pandemias viroses
verminoses queremos sempre o mais do mesmo o
que nos enche sempre de dinheiro a nos esvaziar de
valores de virtudes de sentimentos sensações
emoções de tudo que pode nos causar alegria ou aos
nossos semelhantes que mandamos para campos de
concentração flagelados refugiados quando não despejamos
toneladas de bombas em cima de caneças de crianças a
causar audiência ao vivo nos horários nobres dos
telejornais nas redes sociais do mundo com infinitas
visualizações compartilhamentos curtidas likes a nave
foje de nós há quarenta oito anos ainda não encontrou
nada além dos nossos esquecidos restos mortais
BH, 0170602025; Publicado: BH, 0290902025.
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
quem ousava falar mal de crente no passado?
quem ousava falar mal de crente no passado?
só nietzsche que espinafrava crente católico ou
protestante matava deus o diabo destruia suas
religiões religiosos hodiernamente chega um só
crente em qualquer roda ou lugar todo o povo
começa a desconfiar é bolsonarista boa coisa
não é ou é armamentista imperialista pedófilo é
matador de mulher ou é obreiro de pastores vis
maloqueiros loucos por dinheiros dizimista tolo
fundamentalista anti comunista detesta até aos
direitos humanos sociais trabalhistas quer fazer
justiça com as próprias mãos odeia sem tetos
sem terras desempregados adora qualquer tipo
de exploração infantil abomina relacionamento
homoafetivo aborto de gravidez indevida as tais
boas referências que tinham foram todas aos
esgotos por loas aos torturadores à ditadura a
militar golpista ser crente hoje desperta mais
desconfianças inimizades destruições das boas
reputação com seus conceitos preconceitos
falta de ética matam deus religião matariam
então jesus cristo se aparecesse de repente a
dar uma benção a esse tipo de gente que tão
cegamente seguem malafaia macedo r r soares
santiago valadão marcelo rossi outros babões
barbies pregadoras com bundões todas ávidas
por milhões de cifrões para manter aqui na terra
os céus dos seus cafefões os fieis sob tacões
BH, 0260902025; Publicado: BH, 0260902025.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
não sei cantar não faz mal não é qualquer um que sabe cantar
não sei cantar não faz mal não é qualquer um que sabe cantar
não sei ser bom não faz mal não é qualquer um que sabe ser bom
a maioria preza em ser má fica inibida em ser diferente outro
tipo de gente que preserva a civilização que busca a evolução que
canta uma canção para uma criança que nem conhece para
uma criança que nem conheceu o pai que não conheceu a mãe
sozinha padece no mundo que a entristece não conheceu um
irmão às vezes pensas que és o mais infeliz dos homens não tens
nem conhecimento do que é a verdadeira infelicidade causas
a maldade causas a ruindade até inconscientemente
causas a violência a covardia a injustiça a injúria causas o
desequilíbrio social a desigualdade a exploração a
escravidão nem sei mais o que causas ou o que falar para ti
dizes sempre que é mentira minha dizes sempre que sou um
hipócrita um demagogo um pseudo cidadão porém não sei como
mas um dia provarei ao contrário serás meu discípulo serás meu
apóstolo tolo meu profeta meu sacerdote serás meu evangelista
meu homem santo de confiança que escreverá as coisas
inspirado por mim ou por deus ou pelo universo nossa cabeça
parará de doer não beberás mais álcool barato desdobrado
causador de ressaca ou de cirrose ou de hepatite não beberás
mais álcool causador de gastrite só pinga da forte boa só cachaça
artesanal de engenho de cana caiana de confiança terás de
tira-gosto maná acepipe papá não serás mais mané nem zé possuirei
tua esposa só em espírito ninguém mais te chamará de corno manso
ou dirá que terás filho bastardo inglório nenhum filho teu morrerá
crucificado como não sei contar também não sabes contar não teremos
dinheiros pois dinheiros são para os que só entendem de números
entenderemos doutras cousas doutros movimentos doutros
universos pois seremos os únicos já que ninguém quer entender
de nada quer só fingir que entende dalguma coisa prega um monte
de diplomas nas paredes nós aqui a rir de cima do nosso monte
a gargalharmos a expor o nosso cinismo cinematográfico para
que tanto diploma para uma besta quadrada ou ao cubo como se
diploma livrasse a todos nós da estupidez da ignorância ou da
intolerância da infelicidade ou da boçalidade da bizarrice ou da
bisonhice diploma não livra ninguém de porra nenhuma
nem de tomar no cu tem diplomado aí com cara de santo mas
toma no cu na surdina sem alarde mesmo quando arde mais
que pimenta malagueta ainda faz um boquete no moleque mais
que moloc sem agonia sem ansiedade depois fala que é coisa
da idade que está velho demais para outras fantasias
cá comigo não tenho nada com isso puta velha septuagenária
estou menos para luxo bem mais para lixo só isso que digo
BH, 070702025; Publicado: BH, 0250902025.
Senhor da Floresta, Renê Bettencourt, Augusto Calheiros.
Senhor da floresta
Um índio guerreiro da raça Tupi
Vivia pescando
Sentado na margem do rio Chuí
Um índio guerreiro da raça Tupi
Vivia pescando
Sentado na margem do rio Chuí
Seus olhos rasgados, no entanto
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava
A filha formosa e um morubixaba
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava
A filha formosa e um morubixaba
Um dia encontraram
Senhor da floresta no rio Chuí
Crivado de flechas
De longe atiradas por outro Tupi
E a filha formosa do morubixaba
Quando anoiteceu, correu
Subindo a montanha
No fundo do abismo desapareceu
Senhor da floresta no rio Chuí
Crivado de flechas
De longe atiradas por outro Tupi
E a filha formosa do morubixaba
Quando anoiteceu, correu
Subindo a montanha
No fundo do abismo desapareceu
Naquele momento
Alguém viu no espaço, à luz do luar
Senhor da floresta de braços abertos
Risonho a falar
Ó virgem guerreira
Ó virgem mais pura que a luz da manhã
Iremos agora unir nossas almas
Aos pés de Tupã
Alguém viu no espaço, à luz do luar
Senhor da floresta de braços abertos
Risonho a falar
Ó virgem guerreira
Ó virgem mais pura que a luz da manhã
Iremos agora unir nossas almas
Aos pés de Tupã
Seus olhos rasgados, no entanto
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava
A filha formosa e um morubixaba
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava
A filha formosa e um morubixaba
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
todo mundo fala que sou muito desesperado
todo mundo fala que sou muito desesperado
ansioso como um depressivo todo mundo
fala que sou muito agressivo arredio turrão
obsessivo todo mundo fala muitas coisas até
mesmo as coisas que não deveria falar só
escuto surdo cego mudo de luto eternamente
de luto pela morte da civilização da raça
humana do ser humano da humanidade o
humanismo morreu matou deus o substituiu
pelo dinheiro deixou de lado o amor aboliu a
paz riu do meu desespero não faz mal vou
para o meu canteiro me plantarei no terreiro
regarei a semente no terreno pode ser que
nasça sereno uma flor com pétalas de
orvalho ou um carvalho com tronco de
orgulho de ser o último baluarte derradeiro
panteão da arte o totem do esplendor faquir
dentro do esquife de vidro a fazer todo mundo
rir que é melhor do que chorar quem sabe um
dia chego lá volto ao meu berço africano de
preto brilhoso de negro gostoso de porte bonito
de forte fogoso rico em proteínas de ossos de
ouro de membros de marfim de dentes de clara
platina sou um preto assim do tamanho da mãe
áfrica o que ninguém é tenho orgulho ambição
inveja de mim por ser assim do jeito que sou o que ninguém é nem quer ser ou fazer com que
todos vão para o inferno sem mim não sairei
do meu céu que continuará numa folha de papel
BH, 0170602025; Publicado: BH, 0240902025.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
cara a cara com o destino numa acareação rara
cara a cara com o destino numa acareação rara
um réu outro acusação ao réu confesso culpado
de tudo sem absolvição sem apelação sem recursos
infringiu todas as regras da natureza viva desrespeitou
todas as leis universais não há mais dúvidas que a
justiça seja feita a todos os seres vivos naturais
racionais ou irracionais faltou com a verdade
com a coragem a fé só ficou do lado da covardia
da injustiça da injúria do medo usou golpes baixos
falsidades ideológicas falsificações falsos testemunhos
a condenar o próximo jurou em falso para se livrar
da espada da lei agora caiu no laço do passarinheiro
lasso se entregou não reagiu mais se feriu nas grades
da gaiola rompeu o peito nos ferros os membros
nos grilhões se flagelou se amputou não comoveu
os togados juízes jogado na solitária blasfemou
mais preso ficou ergueu os braços aos céus lançou
ira raiva ódio cólera terror mais aterrado ficou
se enterrou no horror se camuflou camaleão esqueleto
de espantalho nenhum osso se aproveitou foi encontrado
de decúbito dorsal fetal teve o feto levado ao manicômio
nunca mais se ouviu falar do demônio louco anônimo
BH, 0160902025; Publicado: BH, 0230902025.
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
conheço quase nada sei menos pouco da vida
conheço quase nada sei menos pouco da vida
sei nonada da morte nado no azar nunca tive
sorte sempre fui fraco nunca fui forte perdi o
rumo do destino desde menino nunca tive um
norte decepcionei pai mãe filhos consorte
nunca tive amigo colega companheiro de
estrada o inimigo me fez chorar na presença
da morte então escrevo como se estivesse
diante dum pelotão de fuzilamento no paredão
preste a ouvir o grito de fogo com pouco tempo
para mudar o jogo como personagem de filme
de ação que na hora fatal muda a mão dirige
até pela contramão com o carro na marcha à
ré empina moto no grau do rolé a empolgar a
plateia que aplaude de pé porém escrever não
dá no que falar geralmente o tiro sai pela culatra
ou acerta o pé é osso duro não é filé o crítico
faz rapé o escritor rapel ao tentar agradar com
um pedaço de papel poucas são as histórias de
linhas sem glórias com letras impróprias
palavras inglórias que viraram obras-primas que
lacrimejaram meninas desanuviaram retinas
coloriram íris de arco-íris envaideceram pupilas
aguaram papilas feriram rútilas pepitas maciças
entumeceram mamilos os ductos lactíferos
donde jorraram os leites da literatura que por
ventura poderia enobrecer a civilização que
estará a se perder nos meandros dos labirintos da devassidão
BH, 0170602025; Publicado: BH, 0220902025.
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
muito triste a situação do povo trabalhador brasileiro
muito triste a situação do povo trabalhador brasileiro
que por livre arbítrio abraça a extrema-direita
se há hoje algo prejudicial à uma nação a um
país se chama extrema-direita que é contra o
pobre triste povo trabalhador brasileiro que não
percebe que o apego ao radicalismo da
extrema-direita é contra a vida o trabalho é
contra todos os anseios da nação trabalhadora
brasileira que abre mão da felicidade da
evolução do modernismo estatal para vegetar
no conservadorismo na adoração de pneus nos
contatos imediatos com ets através de
celulares suspensos nas cabeças em
acampamentos em frente aos quartéis para
práticas golpistas de terrorismo invocação
do mal duma ditadura militar sanguinária
assassina ou duma intervenção estrangeira
imperialista no seio da própria nação com
esperança que deus atenda esses rogos das
orações absurdas in memorian de torturadores
tais o ustra terror de mulheres crianças jovens
sequestrados aí pedófilos estupradores
políticos fisiológicos se sentem protegidos
assim naturalmente sem respeitar a história a
judtiça a memória sem levar em consideração
que será o próprio prejudicado num futuro
próximo onde só a burguesia só as elites
sobreviverão já ao pobre ao triste ao infeliz ao
iludido de que fazia parte dum meio que não era
a realidade o que restara é a desilusão de se ver
fora do banquete dos mendigos alienados
BH, 0180902025; Publicado: BH, 0190902025.
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
tudo é sempre a mesma coisa todos somos
tudo é sempre a mesma coisa todos somos
sempre os mesmos por mais máquinas ou
tecnologias naves foguetes nunca sairemos
do lugar comum não iremos nunca a lugar
nenhum a nossa herança o nosso legado às
novas gerações serão dunas abandonadas
desertos intermináveis ruínas destruições
tições cal carvões sal areias cinzas fumaças
simulacros cidades fantasmas esqueletos
enegrecidos caveiras fossilizadas em lavas
ossos moídos calabouços opacos petrificados
arcabouços mofados sucatas perenizadas
carcaças fenecidas ou ferros-velhos entulhos
nem gramas nem relvas capins-coloniões
nascerão aonde passar nosso coração as
pisadas as pegadas serão só em carne viva
como nos tempos incandecentes da pré-história
não posso acompanhar o ritmo frenético da
turba em fuga pois quem está sempre por
baixo por fora por menos ou sem ninguém
sem amor ninguém conhece o ninguém ou o
ama nem é considerado como um velho
amigo ou velho amor por ter como sempre o
mesmo rosto a mesma cara o mesmo pesado
semblante inalterada a mesma face trifásica
que não é oculta nem moldada por esboços
estéticos bisturis remendos enxertos sempre
o mesmo ser obsoleto o espírito obtuso alma
na sombra obscura vulto na penumbra suja
a fantasia do fantasma fantástico o disfarce
falso do alce a pele do cordeiro em cima do
lobo a do bode no carneiro a da raposa na
ovelha a correr da luta a perder a fé o sonho
a esperança de nunca alcançar o que move
desespero de pesadelo ouve à toda hora na
esquina tens algum dinheiro se tiveres levas
o que queres compras até o mundo inteiro
BH, 01⁰0702025; Publicado: BH, 0170902025.
terça-feira, 16 de setembro de 2025
mudo penso mudo o mundo imundo
mudo penso mudo o mundo imundo
ninguém fala nada alguém se esconde na
escada a sacada está sombria vazia tal a
soleira do cemitério enigma mistério ossos não
são minérios sào mais raros sào mais caros as
encostas estão escondidas falésias viram
alambrados colinas inclinadas não são crinas
levadas de cavalos selvagens em disparadas
manadas assustadas pensamentos brutais
todos somos loucos a rir no escuro a escarrar
nas paredes a escalar mansardas que medo de
escorregar anda mais devagar igual ao sol a lua
ao chegar a estrada a brilhar o cometa não tem
pressa porque o homem teria que ter? devagar
até retardar a dor o sofrimento a morte cheia de
teor um conteúdo pontudo cadê o amor? deixas
de bobagem não se fala mais nisso muda de
assunto talvez um dia a felicidade seja uma
realidade não tenha mais fim só a tristeza a
amargura a melancolia o destino cruel as
reminicências ruins da vida as tendências da
morte que sempre é tema dilema poesia poema
enredo meta medo ao mais corajoso que até
chora na presença da morte a implorar por uma
vida que sempre levou desprovida de sorte de
perdão de paz de luz de amor de rumo ou norte
BH, 0200802025; Publicado: BH, 0160902025.
como que um ser medíocre tenta sobressair
como que um ser medíocre tenta sobressair
nos meios de hoje? se hoje para sobressair
sobreviver tem que fazer o que nunca se fez
tem que ser o que nunca foi ou do contrário
é o ostracismo do lugar comum é o mais do
mesmo de cada um que tem que fazer com
que se fale dele bem ou mal porém mais
bem do que mal mesmo quando só faz o mal
para que seja notado comentado viralizado
curtido compartilhado logo em seguida o
vazio o vácuo o vão o oco a val a cal o caos já
foi superado suplementado esquecido
abandonado tenta algo novo não há mais o
moderno revolucionário rebelde não
consegue matar a fome come demais de
novo não consegue saciar a sede bebe
demais outra vez não consegue mais agradar
aos críticos aos leigos aos perfeitos muda de
muda de cara de rosto de face de semblante
de ares de feições muda de sexo de bunda
vira um monstro um alienígena alienado um
intelectual apedeuta um estúpido
endinheirado uma marreta numa bigorna uma
foice um martelo arrepiam-no numa cabeça de
cabaça onde os hemisférios cerebrais não se comunicam mais onde o corpo caloso entrou
em coma qualquer informação na soma do
soma o produto é a diminuição faz pacto
secreto faz transfusão com sangue de cavalo
ou com sangue azul comprado no banco de
sangue compra tudo novo coração rins pulmões
mas é a velha dama que chama nem arruma a
bagagem deixas tudo para trás estás atrasado meu irmão
BH, 0270802025; Publicado: BH, 0160902025.
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
a bandida blandícia da vida oscila na galha
a bandida blandícia da vida oscila na galha
da gaia tal pêndulo fendido tal haste no
hades tal veste de fato de defunto velho
molambo que já foi moleque em molecagem
pelintra pilantra em pilantragem a traçar
putas de tranças nas danças das madrugadas
a subir morros em zig zag a descer ladeiras
desfraldado a costear alambrados veredas
nas mutretas agachado nas muretas vistas
das varandas dos alpendres tudo agora
aboletado nas cangalhas do ancião canalha
ansioso de mortalha pelas montanhas picos
cordilheiras muralhas corcovas corcundas
corcovado de enfado canseira cegueira cadê
o septuagenário que virou asneira sem
fraldão para caganeira a se esgueirar pelas
beiras a exalar inhaca de cadáver em
adiantado estado de putrefação fétida sem fé
na vida com esperança na morte que se tiver
sorte não será sentida nem o azar de não
amar a ninguém nem a si mesmo nem ser
amado por alguém remador cheio de ais sem
cais sem bonança só tormenta vai de retro
velho que ninguém mais te aguenta
BH, 030602025; Publicado: BH, 0150902025.
perdi a voz pois era voz dum mofo morto
perdi a voz pois era voz dum mofo morto
perdi as letras pois eram letras mofadas
mortas perdi a palavra pois também era
palavra perecida dum morto mofado para
que viver num mundo torto? de tantos
tontos sonâmbulos aleijados por dentro?
perdi a alma era uma alma penada quanto
mais morria mais pesada ficava difícil de
carregar perdi o ser era um ser perdido
perdi o corpo era um corpo apodrecido para
que ter um corpo plastificado num mundo
tão errado? não quero um corpo quero uma
consciência não quero saúde quero morrer
com a pior saúde do mundo para que morrer
com boa saúde? para que boa saúde num
mundo tão doente de imundo? quero
contestação não quero hipocrisia quero
rebeldia não quero fisiologia quero coragem
não quero vida na covardia duma religião
medieval com um deus feudal não quero
igreja do capital quero um jardim num terreiro num terreno num quintal num
canteiro numa cova numa sepultura bem
floridas rosas cravos jasmins margaridas
não quero pensamento quero ação do vento
tempestade tornado tormento comigo a
burguesia não fica de pé a elite leva um
pontapé um chute no saco um murro bem
dado no pau do nariz uma voadora no pomo
do adão não vens com essa porra de papo
furado para cá não meu irmão aqui é achatamento de crânio com mão de pilão
BH, 040602025; Publicado: BH, 0150902025.
poemas não alcançam ninguém
poemas não alcançam ninguém
poesias são vazias para bolsos cheios as
almas são vadias não querem mais saber de
poemas nem querem mais saber de poesias
são coisas medievais são coisas feudais só
queremos coisas modernas imagens que
valem por mil palavras porém quem faz
imagens que valem por mil palavras só as
faz porque teve que ler reler outras milhões
de palavras entre essas milhões de palavras
as poesias feudais os poemas medievais sem
isso adeus até nunca mais o sol todo dia se
renova em energia a lua toda noite se despe
como uma mulher apaixonada para o seu
amante em alucinação tudo isso é poesia é o
que causa alegria é o que manda a tristeza
embora põe fim à felicidade acaba com a
angústia livra o homem da agonia pode quem
faz essas coisas nunca as ver num santuário
num armário numa biblioteca só esquecidas
num ossuário arcas baús malas velhas gavetas
emperradas de cômodas em caixas de
papelões amarradas com cordões vem alguém
que não conhece o conteúdo que têm com
desdém joga tudo no lixo ou faz uma fogueira
da inquisição lá se esvai a fumaça a levar de
volta ao infinito o que o universo endereçou aos
que privilegiados capturaram essas poesias as
crias esses poemas os bastardos desesperados
BH, 040602025; Publicado: BH, 0150902025.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
preciso andar exercitar meu exército com exércicios
preciso andar exercitar meu exército com exércicios
sair por aí a caminhar a espairar a mente a oxigenar
o cérebro a desopilar o fígado a acelerar o coração
a desinchar as pernas ao circular para mexer com a
circulação do aparelho circulatório com a musculação
do motor a liberar a respiração porém não o que faço
fico aqui em vão com a caneta na mão a comer pão
arroz com feijão gordura de leitão assim não dá irmão
sei que só vou parar no charque debaixo do chão
pois sou um vilão vacilão comelão beberrão barrão
não dou ouvidos à alheia opinião encho a cara
em qualquer
ocasião o médico já falou não faze isso não
escutas
a voz da razão dás atenção ao que diz o sacristão
lavas asmàos para pegar nos paramentos cristãos ou
és pagão? penso que não entào deixas de ser glutão
bebezão falastrão vivas com moderação ou na certa
irás na hora errata defunto para o fundo dum caixão
BH, 040902025; Publicado: BH, 0110902025.
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
não há mais como se viver inteligentemente
não há mais como se viver inteligentemente
vive-se funcionalmente uma vida que se pensa
inteligente sábia porém que age como se não
fosse de gente pois joga por terra civilizações corre em busca dum passado dum atraso ou do
que não se existe mais nem sempre avanço ou
representa o que é sabedoria ou tecnologia
moderna libertação salvação saúde mental
saída do caos da crise ou da degeneração
dinheiro fácil está aí a gerar bilionários em
detrimento de milhões de seres vivos que não
têm acessos às informações privilegiadas
então tais neo ricos controlam capitais com
rédeas nos demais cabrestos freios ferraduras
cravos geram só escravos de geração em
geração com um conta gotas numa mão pipeta
noutra pinças bisturis tubos paineis robôs o
homem não valemos mais nada joga na vala
trata na vara no vergão no ferrã o quem pode
compra uma vida nova um corpo novo quem
não pode embala no pote de argila branca
para ser encontrado por arqueólogos
colecionadores de relíquias ossos bem
conservados antepassados ancestrais antecedentes? restos mortais não ossos nada
mais nem vestígios de inteligência nem
resquícios de sabedoria só ratos funcionais
BH, 0290802025; Publicado: BH, 0100902025.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
se tivesse uma tarefa não morreria ssim
se tivesse uma tarefa não morreria assim
lentamente melancolicamente se tivesse um
norte uma ítaca com sorte uma rosa dos ventos
completa não morreria assim obliquamente ou
abstratamente porém perdeu o norte o vento
fugiu levou as cinzas espalhou as poeiras os
ciscos os lixos a rosa secou não restou nada
que se pudesse justificar uma morte nobre
imensa densa pesada que fosse sentida no
infinito ninguém quer mais carregar um morto
insignificante nas costas quanto mais um vivo
com sua vida que ainda pensa que existe vivo
que ainda existe vida? ou só cadáveres
animados por pílulas choques conservantes
máquinas? cada cadáver mais enfeitado do
que o outro para se parecer vivo para enganar o
coveiro ou o papa defunto do que fica bilionário
com a ilusão do que quer se parecer o mais
brilhante dos astros sem luz da constelação dos
ignorantes dispostos a cobaias ao sacrifício ao
sacrilégio para mostrar que há uma tarefa que
não necessita aglutinar em torno da sensação
ou da emoção que não elevam o coração
BH, 0290802025; Publicado: BH, 090902025.
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
não lembro mais de nada quero recordar
não lembro mais de nada quero recordar
já não consigo quero viver uma nostalgia das
antigas noites dos idos dias a memória morreu
a recordação escafedeu a lembrança virou
andança longe nos tempos quando era criança
tranças cachos carneirinho todo mundo me
tratava com carinho dizíam os mais velhos
que me conheciam guardado num armarinho
num bazar da bagunça butique nada chique
antiquário precário brechó de mossoró venda
sem renda aonde andarão minhas avós meus
avôs seu nestor dona naninha dona madinha
coração conceição seu donato nato da áfrica
na veia sangue forte preto do norte pau de
fumo na mão aqui encaro patrão soldado
delegado capataz capitão do mato enxada
picareta enxadão faca atolada facão mão de
pilão aqui não é zé ninguém nem zé mané é
foice martelo marreta sexta-feira esmaga
crânio de caveira calcanhar encravado em
cabeça de serpente cobra coral cabra da
peste negra preta rebelde pau rolou
navalhada aqui é terra do povo sem medo
povo que mete medo na burguesia na elite
no sistema opressor aqui é povo senhor
acabei por lembrar do meu papel libertador
BH, 040602025; Publicado: BH, 080902025.
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
hoje ninguém quer escrever pois se alguém
hoje ninguém quer escrever pois se alguém
quer ler sempre quer ler o mínimo possível o
micro ou nunca quer ler ainda mais se tiver de
ler pensar interpretar raciocinar compreender se
com a maioria do povo de formação na voraz
extrema-direita a dificuldade cognitiva o teor
ininteligível são grandes pois a extrema-direita
detesta a cultura abomina a escrita despreza a
leitura bane o pensamento a filosofia a ciência a
educação o conhecimento só abraça mesmo
a religião até os patriotismo nacionalismo os
extremistas radicais da extrema-direita abriram
mãos não são mais patriotas são apátridas
entreguistas lesa-pátria traidores da bandeira do
país da nação com essa gente infelizmente
livros não têm vez bibliotecas já eram escolas
colégios mesmo faculdades universidades até
vacinas esses extremistas odeiam detestam
colocar lógica em letras diálogos em palavras
ordem ética nos comportamentos justiça nos
atos nada que diz respeito aos autos às
sentenças às frases aos períodos artigos
parágrafos não conhecem mandam tudo às
favas junto com os escrúpulos só fazem
apologia às violências do bope à força bruta do
choque à ditadura do ustra da infantaria da
artilhatia da arbirariedade da rotam ao
desrespeito letal da rota não aceitam direitos
humanos então fica impossível a escrita
invibializada a leitura a sobrevivência da cultura
o resguardo da ciência permanência da
liberdade povo da extrema-direta extermina o que pode
BH, 040902025; Publicado: BH, 050902025.
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
vou procurar meu canto nos cantos dos pássaros
vou procurar meu canto nos cantos dos pássaros
vou sair dos cantos das paredes dos recantos
dos muros
vou cantar encantado embalado pela liberdade
quem não quiser ouvir meu canto que tampe os
ouvidos rompas os tímpanos cortes as orelhas
igual van gohg cortou a dele vou soltar a voz
nas estradas como milton nascimento deixes de
lamento agora é canto à alegria com cantoria
com poesia com cantatas de bach pois até
podemos viver sem pão sem vinho porém sem
a música de bach ninguém vive não espanei
entào de minh'alma os grãos sacudi das minhas
costas as dunas as poeiras as caspas lêndeas
carrapichos rabichos muquiranas percevejos os carrepatos os chatos as moscas os mosquitos
as muriçocas os pernilongos os zumbidos dos
ouvidos os zunidos das trompas das bigornas
dos martelos das foices dos chinelos
arrastados nos assoalhos tudo límpido agora
tudo clareza beleza música sacra barroca
gregoriana gótica divina de paz de perdão de
amor no coração nada de religião de malafaia
cristão doutras companhias malignas renovei a
voz com conhaque com limão sal bicarbonato
de sódio posso subir ao pódio cantar uma ária
duma ópera na solidão
BH, 040702025; Publicado: BH, 030902025.
agora chegou a hora de pôr em prática
agora chegou a hora de pôr em prática
a equação que estava escondida nas
conjecturas milenares que para o universo
expõe a partícula de deus explica o caos as
teorias seculares secretas teses misteriosas
os ensaios enigmáticos as reminiscências
originais das coisas as reverberações
silenciosas das matérias os coaxás dos sapos
os cantos das rãs os pios das aves os sons
das cigarras os desenganos dos fatos que não
são boatos imateriais designados dos grudes
dos visgos das colas saias debaixo das solas
não abaixas muito ou assolam tua bunda sacudas o tabuleiro ponhas no chão a coleira
as rédeas a sela os freios os cabrestos o paiol
o arsenal o armazém tudo que faz mal não
faz bem o sistema o mercado o dinheiro
deixas dado o recado pegas os freios nos
dentes rompas os laços tiras as tiras das
vistas as tarjas pretas dos olhos liberas as
visões as visagens as paisagens delendas as mídias medievais feudais burguesas elitistas
escravocratas enterres o capitalismo rompas
com o liberalismo sopres as trombetas que
demolirão as teocracias empobreças as
plutocracias prendas as cleptocracias todo
dia é dia de pôr abaixo um preconceito um conservadorismo um pensamento
retrógrado uma ação da idade média um
condado ultrapassado uma tropa de choque
todo dia é dia do povo trabalhador brasileiro
consciente não pelego todo dia é dia de
nação trabalhadora brasileira livre não
patronal todo dia é dia de tirar a civilização
do armário praticá-la às últimas consequências
BH, 040702025; Publicado: BH, 030902025.
terça-feira, 2 de setembro de 2025
ninguém tem a solução para nada hoje pois
ninguém tem a solução para nada hoje pois
todo mundo pensa que a única solução para
tudo é o dinheiro até pastores que pregam
dos céus o reino só querem soluções trazidas
pelos dinheiros muito dinheiro então agora
proliferaram-se igrejas bancos cassinos casas
de apostas loterias bancas de jogos de azar
que azar fecham-se bibliotecas faculdades
universidades abrem-se mercados bolsas de
valores casas de câmbios financeiras lojas de
empréstimos por financistas aumentam-se
números de desgraçados miseráveis pobres
fecha-se o ciclo de bilionários milionários
ricos que vivem das transferências dos que
trabalham para sustentá-los com os suores
com os investimentos com os sonhos que
nunca serão realizados numa vida que nunca
será realidade mas quando pensamos que
enfim daremos um passo à frente com uma
evolução um front de revolução vem trump com
um retrocesso vem bolsonaro com um pesadelo
o mundo entra em total desespero humanidade
em parafuso o ser humano em queda livre a
raça humana em desgraça as soluções viram
loucuras as sujas cadeias transbordam-se os
hospícios tristes enchem-se com lotações
esgotadas os caros cemitérios não cabem mais
os mortos iludidos os shoppings catedrais do
consumo ficam inacessíveis aos trabalhadores
comuns que não fazem consumo do que produzem
BH, 0200802025; Publicado: BH, 020902025.
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
pensas que é fácil não te ver mais nas coisas onde estavas impregnado?
pensas que é fácil não te ver mais nas coisas onde estavas impregnado?
deves pensar que também é fácil respirar o ar que respiravas
agora não respiras mais pois as coisas sem ti não são mais coisas o
ar sem ti não é mais ar até o universo sem ti não é mais universo
imaginas eu que nunca fui nada nunca que nunca tive nada
agora sem ti? as coisas me são estranhas até as minhas entranhas
estranho o ar sufoca-me asfixia-me fico sem fôlego afoga-me a
água o universo regurgita-me vomita-me como se fosse uma
comida podre os meus organismos traem-me a todo momento
infecções intestinais queimações estomacais
instabilidades
estruturais pereço sem ti nos meus elementos
naturais alimentos não saciam-me mais fome sede prazer
feneço sem ti a todo momento perdi altura confiança
segurança falta-me chão sinto só comichão pelo corpo todo
doloroso doloso culposo tantas gentes já perderam tudo
depois que te perdi até agora hoje neste exato instante
não acostumei-me com a tua ausência perder-te foi
demais para mim já não vivia não vivo nem conseguirei viver
mais a única fo te que me saciava era p amor que sentia por ti
que todo mundo agora sicia que tenho que esquecer ou que
tenho que deixar-te em paz a ruminar minhas mortes
BH, 0270502025; Publicado: BH, 01⁰0902025.
aqui do barranco da boca da entrada da favela
aqui do barranco da boca da entrada da favela
deparo com os santos que saem de nadrugada
para os trampos quando não dão de cara com a
polícia assassina voltam aos seus barracos aos
cantos aos seus barracões uns bêbados outros
nem tanto só fumam uns cheiram umas
queimam pedras o que resta para enfrentar a
elite confrontar a burguesia quando não
conseguem desviar das rotas dos itinerários
das balas perdidas são atingidos em cheio no
meio da cara na cabeça na pele no osso que
alvoroço seu moço não tenho nem para o
almoço sou trabalhador assalariado mínimo
não sou mimado sou minado não fazes isso
não não tenho pai não tenho mãe nunca roubei
sou preto pelo destino negro por antepassado
ancestral se soubesse que seria assim tão ruim
ser preto pobre não teria nem nascido se
dependesse de mim tira a bota de cima da
minha cara não consigo respirar minha nega vai
chorar se eu não chegar se ela tiver chegado
viva hoje no barracão isso é marmita suja vazia
celular comprei à prestação podes levar para
averiguação se não quiseres não precisas nem
devolver me deixas chegar em casa mesmo
com a cara amassada cheia de lama não
carrego arma só carrego meu drama meu
carma minha sarna de ser filho de negra com
preto de pobre sem vda ou até sem destino
agradeço ao senhor pela oportunidade nem
sinto mais o safanão nem o pisão no meio da
cara suja tenho que correr para a felicidade do
meu barracão a alegria do meu coração
BH, 040602025; Publicado: BH, 01⁰0902025.
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