terça-feira, 9 de setembro de 2025

se tivesse uma tarefa não morreria ssim

se tivesse uma tarefa não morreria assim
lentamente melancolicamente se tivesse um
norte uma ítaca com sorte uma rosa dos ventos
completa não morreria assim obliquamente ou
abstratamente porém perdeu o norte o vento
fugiu levou as cinzas espalhou as poeiras os
ciscos os lixos a rosa secou não restou nada
que se pudesse justificar uma morte nobre
imensa densa pesada que fosse sentida no
infinito ninguém quer mais carregar um morto
insignificante nas costas quanto mais um vivo
com sua vida que ainda pensa que existe vivo
que ainda existe vida? ou só cadáveres
animados por pílulas choques conservantes
máquinas? cada cadáver mais enfeitado do
que o outro para se parecer vivo para enganar o
coveiro ou o papa defunto do que fica bilionário
com a ilusão do que quer se parecer o mais
brilhante dos astros sem luz da constelação dos
ignorantes dispostos a cobaias ao sacrifício ao
sacrilégio para mostrar que há uma tarefa que
não necessita aglutinar em torno da sensação
ou da emoção que não elevam o coração

BH, 0290802025; Publicado: BH, 090902025.

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