sei nonada da morte nado no azar nunca tive
sorte sempre fui fraco nunca fui forte perdi o
rumo do destino desde menino nunca tive um
norte decepcionei pai mãe filhos consorte
nunca tive amigo colega companheiro de
estrada o inimigo me fez chorar na presença
da morte então escrevo como se estivesse
diante dum pelotão de fuzilamento no paredão
preste a ouvir o grito de fogo com pouco tempo
para mudar o jogo como personagem de filme
de ação que na hora fatal muda a mão dirige
até pela contramão com o carro na marcha à
ré empina moto no grau do rolé a empolgar a
plateia que aplaude de pé porém escrever não
dá no que falar geralmente o tiro sai pela culatra
ou acerta o pé é osso duro não é filé o crítico
faz rapé o escritor rapel ao tentar agradar com
um pedaço de papel poucas são as histórias de
linhas sem glórias com letras impróprias
palavras inglórias que viraram obras-primas que
lacrimejaram meninas desanuviaram retinas
coloriram íris de arco-íris envaideceram pupilas
aguaram papilas feriram rútilas pepitas maciças
entumeceram mamilos os ductos lactíferos
donde jorraram os leites da literatura que por
ventura poderia enobrecer a civilização que
estará a se perder nos meandros dos labirintos da devassidão
BH, 0170602025; Publicado: BH, 0220902025.
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