segunda-feira, 22 de setembro de 2025

conheço quase nada sei menos pouco da vida

conheço quase nada sei menos pouco da vida
sei nonada da morte nado no azar nunca tive
sorte sempre fui fraco nunca fui forte perdi o
rumo do destino desde menino nunca tive um
norte decepcionei pai mãe filhos consorte
nunca tive amigo colega companheiro de
estrada o inimigo me fez chorar na presença
da morte então escrevo como se estivesse
diante dum pelotão de fuzilamento no paredão
preste a ouvir o grito de fogo com pouco tempo
para mudar o jogo como personagem de filme
de ação que na hora fatal muda a mão dirige
até pela contramão com o carro na marcha à
ré empina moto no grau do rolé a empolgar a
plateia que aplaude de pé porém escrever não
dá no que falar geralmente o tiro sai pela culatra
ou acerta o pé é osso duro não é filé o crítico
faz rapé o escritor rapel ao tentar agradar com
um pedaço de papel poucas são as histórias de
linhas sem glórias com letras impróprias
palavras inglórias que viraram obras-primas que
lacrimejaram meninas desanuviaram retinas
coloriram íris de arco-íris envaideceram pupilas
aguaram papilas feriram rútilas pepitas maciças
entumeceram mamilos os ductos lactíferos
donde jorraram os leites da literatura que por
ventura poderia enobrecer a civilização que
estará a se perder nos meandros dos labirintos da devassidão

BH, 0170602025; Publicado: BH, 0220902025.

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