perdi as letras pois eram letras mofadas
mortas perdi a palavra pois também era
palavra perecida dum morto mofado para
que viver num mundo torto? de tantos
tontos sonâmbulos aleijados por dentro?
perdi a alma era uma alma penada quanto
mais morria mais pesada ficava difícil de
carregar perdi o ser era um ser perdido
perdi o corpo era um corpo apodrecido para
que ter um corpo plastificado num mundo
tão errado? não quero um corpo quero uma
consciência não quero saúde quero morrer
com a pior saúde do mundo para que morrer
com boa saúde? para que boa saúde num
mundo tão doente de imundo? quero
contestação não quero hipocrisia quero
rebeldia não quero fisiologia quero coragem
não quero vida na covardia duma religião
medieval com um deus feudal não quero
igreja do capital quero um jardim num terreiro num terreno num quintal num
canteiro numa cova numa sepultura bem
floridas rosas cravos jasmins margaridas
não quero pensamento quero ação do vento
tempestade tornado tormento comigo a
burguesia não fica de pé a elite leva um
pontapé um chute no saco um murro bem
dado no pau do nariz uma voadora no pomo
do adão não vens com essa porra de papo
furado para cá não meu irmão aqui é achatamento de crânio com mão de pilão
BH, 040602025; Publicado: BH, 0150902025.
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