sábado, 26 de março de 2016

O que foi feito para a voz dizer; BH, 01º01202012; Publicado: BH, 0260302016.

O que foi feito para a voz dizer
Foi a mentira a voz desde o primeiro
Som ao ser identificado por voz foi
Feita para dizer a mentira a voz
Não nasceu para dizer a verdade
Foi passada de geração em geração
A preservar a falsidade a tradição
Familiar o que o pai passa ao filho
A mãe à filha é pura simplesmente
A ilusão como se explica isso? pelo
Fato de que ninguém traz a verdade
Na voz nem a voz na verdade
Todos mentimos ouvimos mentiras
Enganamos somos enganados
Iludimos somos iludidos
Nós falsificamos, somos falsificados
A pior coisa que alguém pode
Ouvir de alguém a pior coisa
Que alguém pode falar de alguém
É a verdade chama-se verdade
Justamente para nunca ser dita
Digas a verdade nunca terás um
Amigo peças a verdade ouvirás
O teu veredicto a tua sentença
De condenação o maior
Mentiroso é claramente o que jura
Dizer verdade somente a
Verdade nada mais além da
Verdade retrato real do maior
Mentiroso se quer ser infeliz
É viver para falar a verdade então
É mentir enganar iludir a
Verdade só nos faz sucumbir

O jeito é mentir menos minto muito; BH, 02901102012; Publicado: BH, 0260302016.

O jeito é mentir menos minto muito
O universo não suporta mais tanta
Mentira o gesto certo é fazer um
Aceno à verdade minto demais já
Estou desacreditado pelo ditado de
Tanta falsidade passei da idade de
Faro fino de fato minto como se
Inda fosse menino minto com tanto
Fingimento com tanta pureza d'alma
Que para todos não estou a mentir
Minto tão veementemente com tanta
Clareza que a verdade torna-se
Obscura a ofuscar-se atrás da mentira
É um tino para uma ilusão para a
Divagação dum fato real para o irreal
Que não sei donde veio tanta arte
Inda faço questão de provar o que
Não posso provar juro vergonhosamente
Mas tão inocentemente que não há quem
Não acredita mas o universo começou a
Desconfiar de mim passei a perceber que
Nalgumas áreas torna-me difícil a
Penetração as pilastras já balançam
A quererem cair em minha cabeça
A maior mentira que conto é que
Tudo que faço é meu tudo que tenho
É meu como pode ser se não faço
Nada não tenho nada nem sou nada
Nem meu? pois então além de mentiroso
Sou ladrão se toda propriedade é um roubo

Deuses a oferecer-vos só letras palavras; BH, 02901102012; Publicado: BH, 0260302016.

Deuses a oferecer-vos só letras palavras
Se quiséreis ser alma ente espírito não
Tenho a oferecer-vos tenho carne muita
Carne banha gordura sangue não o
Arterial o arterial é pouco mais são as
Sobras do venoso tenho ossos muitos
Ossos cartilagens nervos peles cânticos
Louvores hinos? não não aprendi a tecer
Essas teias orações rezas ladainhas?
Apesar dos descendentes negros escravos
Pretas velhas cativas de índios pajés
Não aprendi tradições de rezas nem de
Orações ou de ladainhas salmos cantos
Beneditinos gregorianos nada disso
Tenho para oferecer-vos meus tendões
Não são de Aquiles não suportarei
Vossos andores meus meniscos não são
De atletas não suportarei dobrar os
Joelhos em adorações ou que vossos
Templos igrejas mesquitas sinagogas 
Madrassas sejam construídas sobre mim
Mas ser tão imperfeito deficiente incompleto
Por mais que queira chegar perto dum deus
Nunca será aceito será sempre rejeitado
Todos virarão as costas ou os olhares
À minha sombra é que inda não captei a
Alucinação duma religião sinto-me
Renegado quando passo nos portais dos
Imensos suntuosos templos das vastas
Luxuosas igrejas a não ser o meu
Amontoado de mim resta-me nada a
Oferecer-vos a vós como tendes tudo
Sois deuses a este pobre de mim não
Levareis em conta em suas blasfêmias

Literatura era o que faziam Flaubert; BH, 02901102012; Publicado: BH, 0260302016.

Literatura era o que faziam Flaubert
Balzac no toco da vela escondidos
Nos biombos onde moravam a fingirem
Que não estavam em casa quando os
Senhorios batiam às portas a cobrarem
Os aluguéis atrasados literatura sem
Comentários fez Michel Proust sem
Comentários o Michel de Montaigne
O Miguel de Cervantes preso nas
Masmorras sem um braço o Camões
A nadar com um braço só o outro
Suspenso acima d'água a segurar os
Originais dos manuscritos d'Os
Lusíadas? esses caros fizeram literatura
Tempos adversos inóspitos vida dura
Só poderia nascer daí a melhor
Literatura da galeria universal cito
Esses poucos por exemplos pois
Naqueles tempos as condições não
Eram nada favoráveis só os geniais
Se destacavam no meio nas artes
Plásticas penso que já comentei
Quando Picasso mostrou a um
Marchand a obra Cabeça de Mulher
O marchand falou que se aquilo
Fosse arte ele não seria marchand
O Van Gogh? penou um bocado
Pela arte ficou louco intoxicado
Pelo chumbo das tintas suicidou-se
Que prazer em falar nesses loucos
Que flagelaram-se em nome da arte
Da obra-prima enlouqueceram-se em
Busca da perfeição torturaram-se
A ponto de pedirem a obra para falar
Muitas delas nos falam até os dias de hoje

ARTISTAS PELA DEMOCRACIA EM BH/MG:

cena democracia

Daqui a uns dias todas estas letras serão; BH, 02901102012; Publicado: BH, 0260302016.

Daqui a uns dias todas estas letras serão
Póstumas todas estas palavras defuntas
Minha vida não foi uma obra-prima
Não é digna de qualquer coleção meu
Comportamento não foi o de artista de
Obra de arte não restará nenhuma
Sinopse mesmo agora neste momento
Com os movimentos desta mão incerta
Sinto-me um óbito obtuso um falecido
Não erudito um cadáver aculturado vivi
Pouco confesso nem história para
Contar tive romance outros contos
Fingi que os vivia que era feliz que
Amava como não destaquei-me em
Nenhuma arte poucos lembrarão de
Mim por teimosia pura teimo nestas
Letras mortas por birra mais nada
Insisto nestas palavras escatológicas
Cada um com a sua maneira de se
Perpetuar em algo cada um com as
Suas próprias alucinações as minhas
Bisonhas bizarras linhas mórbidas
Resistirei tinhosamente nalgum
Lugar desconhecido resistirei com o
Meu velho esqueleto enegrecido a
Minha imortalidade serão os meus
Ossos a posteridade a eternidade se
Forem cinzas não serão pois os
Ventos dispersam as cinzas os ossos
Fincados no chão parecerão raízes
Minhas ossadas reagirão ao serem
Arrancadas das suas covas assim
Debaterão para não serem perturbadas

quinta-feira, 24 de março de 2016

HOJE TÊM ATOS PELA DEMOCRACIA E CONTRA O GOLPE:

Hoje tem atos pela democracia e contra o golpe. No Rio, em São Paulo, em todo país. Gregório Duvivier faz um chamado: assista vídeo abaixo.
"As 16h, na cinelandia, no Rio, tem festival pela democracia, vai durar até tarde, com muita música. As 17h, saindo do no largo da batata, em SP, Povo Sem Medo organiza caminhada até a Rede Globo. E outros atos no Brasil todo: divulguem aqui."
O Cafezinho
6 h
Hoje tem atos pela democracia e contra o golpe. No Rio, em São Paulo, em todo país. Gregório Duvivier faz um chamado: assista vídeo abaixo.
"As 16h, na cinelandia, no Rio, tem festival pela democracia, vai durar até tarde, com muita música. As 17h, saindo do no largo da batata, em SP, Povo Sem Medo organiza caminhada até a Rede Globo. E outros atos no Brasil todo: divulguem aqui."