Quando voltar à verve perdid
Ao veio da lavra do catafalco
Aos caminhos esquecidos
Às cidades fantasmas
Ao fim do caos
Ao início do fim
For uma fuligem no limbo
Uma ferrugem no eixo inoxidável do universo
Na órbita insondável do infinito
No nada das dimensões imaginadas
Onde a imaginação não consegue imaginar
O pensamento não consegue pensar
Ou o ser existir
O poeta não retornará ao pó
Será o átomo que nunca será partido num novo choque de universos
Ou no maior acelerador de partículas já criado por alienígenas
O poeta é um extra-terrestre invisível
Uma nave imperceptível aos mais modernos radares
E mais sensíveis sensores
De motor movido a âmbar
A espermacete de cachalotes fossilizados
Voará da centrípeta para a centrífuga
Da centrífuga para a centrípeta
Vetor de rotor
Da máquina geradora do núcleo solar
Do sol rei de todos os sóis
Pai dos quasares
Dos pulsares mais distantes
Mãe das estrelas das constelações dos aglomerados de galáxias
Que a cada segundo interestelar gera bilhões de aglomerados
De astros de luzes próprias que pingam iguais lágrimas de
Infelicidade dum buraco negro
Que capta o tempo
Não capta o poeta
Por sua energia maior
Por seu campo de gravidade superior
Por sua força de atração
Da qual o buraco negro foge de emoção
De sentimento
De poesia
De sentido
De direção em direção
O poeta é partícula de Deus
A matéria-prima que o demônio queria ser formado
Ao ser amaldiçoado
Quando foi descoberto
Seu desejo de querer ser poeta
Não foi permitido
No dia em que o espírito do verbo bradou
Haja poesia
Muito mesmo antes de bradar
Haja luz
Haja noite
Haja dia
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