Com as parcas letras do alfabeto
Os poucos números
Os limitados símbolos
Signos
O ser que escreve
Lavra nas lavras
Nas minas
Os mais preciosos tesouros
Desvenda os mais escondidos mistérios
Enigmas de segredos
Ao ser que escreve
Não é preciso muita coisa
Basta o universo
O infinito
Algumas linhas
A obra está criada
Pode não ser uma obra-prima
Pode não ser uma obra de arte
Uma pérola rara
Uma joia lapidada nos atritos dos astros
Mas ao ser que escreve
O que escreve
Vale mais do que todas as bibliotecas universais
O ser que escreve
Do oculto tira a luz
Das trevas resgata mundos
Almas
Seres
Transforma tudo em poemas
Em poesias inoxidáveis
Inflamáveis
Infindável é o que o ser que escreve tira
Das pedras
Dos moinhos
Dos ventos
Dos castelos
Donde menos se espera que saia algo
Tira um favo de mel
Uma pétala de flor
Um raio de luz
Uma nata de leite
Inusitado
Ao mesmo tempo está em todo elemento
Não está em nenhum
Não anseia nada mais ser
Além de ser
O ser que escreve
Os demais são os que ficam a rotulá-lo disso
Daquilo
De muitas coisas que não é
Essas coisas não o abalam
Pois ao ser o ser que escreve
O que lhe importa é o que escreve
Nonada ao contrário
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