Ode
à chuva
Salve! Ó chuva!
Lágrimas
que a natureza verte
sobre
a amendoeira verde de minha rua
vestida
ou nua
o
som que vem de ti ó chuva
é
um som longo surdo e molhado
como
às vezes os sonhos que sonho
ora
dormindo ora acordado
salve
chuva que molha minhas lágrimas
minhas
lágrimas que sangram menos a cada dia
a
cada dia que torna mais curtos os meus dias
como
os dias de um solstício de inverno
chuva
que cai no auge do verão
chuva
que me projeta aos dias de infância
e
a outros dias também – destes já não me lembro tanto
e
no entanto louvemos esses dias
ó
chuva macia como talvez devesse ser
sempre
ser
mas
há a chuva aquela que fere
agulha
que pinica a pele
faz
sangrar lembranças essas lembranças
chuva
minha infância que se distancia
enquanto
a senectude célere se avizinha
salve
essa chuva também
salve
oh! Chuva salve amém.
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