quarta-feira, 9 de julho de 2014

Um poema novalimense; NL, 0260902008; Publicado: BH, 090702014.

Protegei-vos
Escondei-vos
Alarmai-vos
A especulação chegou
Ao Vale do Sereno
Salveis o Vale dos Cristais
Pois a Vila da Serra já está condenada
Bem como o Belvedere
Áreas nobres que poderiam ficar intactas
Mas a ganância a vaidade são maiores
Quando passava por aqui
Em tempos idos via só aquelas montanhas
Aquelas matas de belezas naturais
Meu coração enternecia-se
Era só poesia
Hoje redutos da burguesia da elite
Os espigões encobrem as montanhas
As matas viraram cinzas
Até os bichos sumiram
Lembrais quando
O trem de ferro passava por aqui?
Pássaros revoavam
Besouros zuniam
Joaninhas pousavam nas flores
Hoje?
Só estruturas de concreto
Aço alumínio vidro
Acabou-se a riqueza de região
Tão bem privilegiada por Deus
Empobreceram-na por pura ambição
Lucros exorbitantes
Jogadas financeiras
Descaracterizaram-na
Em nome dum progresso sem ordem
Sem progresso
Ai meu Deus do céu
Tenhas piedade do Vale do Sereno
Do Vale dos Cristais
Não deixes que os destruam mais
Impeças a devastação
Ou ponhas um limite
Ou uma norma à especulação
Que não suba à cabeça das pessoas
A ideia terminal de fazer
Dum bem natural
Um bem de consumo superficial

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