Jornal GGN - O escritor britânico e articulista de futebol Simon Kuper manifestou suas impressões sobre a Copa do Mundo do Brasil, em sua coluna no Financial Times Magazine, desta sexta-feira (4). Sob o título “Por que o Brasil já venceu”, Kuper introduz: “passeando em Copacabana, você percebe que uma praia de primeira linha deve ser um elemento obrigatório em todas as futuras Copas do Mundo”.
O colunista caminha do cenário nacional, o meio ambiente, gostos, jeito e a gentileza dos brasileiros para tentar explicar por que, das sete Copas do Mundo que esteve desde 1990, “esta é o melhor”. E, segundo ele, “a tarefa agora vai ser trabalhar para que possamos engarrafar o sentimento brasileiro e reutilizá-lo na Rússia em 2018 e Qatar em 2022”.
Em primeiro lugar, responsabiliza o futebol ofensivo que a Copa desse ano está oferecendo. Em apenas 10 partidas, este Mundial já contou com mais gols do que as Copas do Mundo de 2006 e de 2010.
A segunda razão, o Brasil. Simon Kuper elege: depois de um inverno sul africano em 2010, a receptividade do sol quente; as praias, que segundo o escritor, a partir dessa Copa, além dos estádios, praia de primeira linha deve ser elemento obrigatório – estrutura que os alemães não puderam fornecer, em 2006.
“Um terceiro elemento que nenhuma Copa do Mundo deve existir sem: os brasileiros. Se você mora em Paris, é desorientador vir para um país onde quase todo mundo é gentil”, destaca o colunista. Enquanto no Japão, o choque cultural vinha da educação, no Brasil vem da gentileza, explica.
Kuper analisa o futebol não só pelo esporte. Ele é conhecido também por introduzir a perspectiva sociológica que rodeia a bola no pé. Em uma Copa do Mundo, o trabalho é desgastante para os jornalistas que fazem a cobertura: se dorme pouco, vive sobrecarregado em centros de mídia incendiados. “Mas na mistura com os brasileiros, você aprende a lidar com contratempos com graça. O táxi que você pediu para correr para o aeroporto não veio? Agora você está preso no trânsito? Sente-se e relaxe”, aponta.
Nos jogadores, Simon Kuper também admirou o sentimento amigável, mesmo após ser empurrado, jogado no chão e mordido. “Eu morderia de volta”, adverte.
O último item destacado pelo jornalista: a segurança. Nos seus primeiros torneios, ofuscava o medo obsessivo de hooligans. Chegou, inclusive, a ser barrado na fronteira italiana na Copa de 1990, sendo confundido com um deles. Os mundiais pós 11 de setembro, o medo era de terroristas. Do último evento, era o crime sul-africano.
Kuper elogiou a segurança para os turistas e a liberdade para estender as comemorações nas noites de São Paulo e do Rio de Janeiro.
“Normalmente, os melhores momentos em uma Copa do Mundo são quando você escapa momentaneamente da Copa do Mundo. No início do torneio, eu fiz o que provavelmente será a minha única visita que eu nunca fiz para a Amazônia. Passei 30 horas lá, principalmente assistindo futebol em bares. Mas só em uma manhã, eu saí para uma caminhada em Manaus, desligado de uma feia rua industrial, e de repente vi o grande rio batendo no final de um beco sem saída. Um homem de shorts estava na água, lavando seu cabelo. Galos bicavam uma sujeira. Falei com eles por cerca de cinco minutos. Então eu fui assistir Inglaterra-Itália”, conta em observação, concluindo o artigo.
Leia o artigo: Why Brazil’s already won.
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