e será que poeta morre mesmo
ou será mais uma enganação do destino?
penso que o que morre não é o poeta
e sim o bojo que é o habitat do poeta
o pote que quebra
a talha que racha
a moringa que se parte
o vaso que vaza
e todo componente no qual o poeta está inserido morre
e o poeta fica fendido no universo com o
alicerce de versos
e o testamento com testemunho de versões
de poesias
e de poemas que dão gemas no estatuto dos
sonetos de sonhos
e ai aí vem um
e fala thiago de melo morreu
e é pouco
e vem outro
e fala thiago de melo morreu
e ninguém diz que thiago de melo viveu
e muito
e vive muito mais ainda
ou estarei enganado?
ou será que poeta é menos
e menor ainda
e é engodo que qualquer coisa mata
e qualquer mortezinha chega
e abala a fortaleza do poeta?
e o poeta é mero
e mínimo
ou é superior à morte morta?
o poeta é universal
michelangelo pintou o céu no teto da capela sistina
o poeta pinta o firmamento do céu
e a cor preferida do poeta é o azul que é a cor
do infinito mas a palheta do poeta é o arco-íris
e o pincel é de pestanas
e de cílios e de sobrancelhas
e as telas do poeta são as pálpebras
e o óleo é o sangue
e a sociedade é a única que mata o poeta
e a mídia também adora matar poetas em vida
e as academias
e os liceus
e os ginásios
e os colégios
assassinam poetas cotidianamente mas o
poeta teima em vida a latejar nas reverberações
a cavalgar raios de sol a se fazer de girassol a
se transformar em coisas inanimadas
e sombrias
e o poeta é uma assombração
que despreza o sobrenatural
BH, 0140102022; Publicado: BH, 01101102022.
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