sexta-feira, 8 de abril de 2022

E ainda estou a dever ao universo.

E ainda estou a dever ao universo 
Um verso alexandrino ou um 
Clássico camoniano numa estrofe
Do Luzíadas e ainda não surfei nas 
Ondas dos mares nunca dantes 
Navegados e nas batalhas das 
Armas dos barões assinalados e
Nunca fui ao inferno de Dante em
Companhia de Virgílio em busca da
Beatriz e continuo este Sancho 
Pança a ser manteado por todo 
Mundo e este Dom Quixote a 
Namorar Dulcinéias Del Toboso e a
Combater moinhos de ventos como
Fossem invencíveis gigantes e ainda
Estou a dever à história e pressinto 
Que morrerei no débito e sem poder
Pagar com uma obra-prima ou com
Uma obra de arte ou das belas artes
A minha dívida por minha existência 
Neste universo infinito e que quer 
Fazer-me infinito e não compreendo 
O meu papel e nem compreendo o
Papel do universo e vem o tempo e
Vem o vento e levam estas letras e
Desfazem estas palavras e mudo 
Amuo-me diante das forças que me
Impedem de voar e grávido da 
Gravidade que não me deixa a
Atmosfera a puxar-me para cima e
Não posso ir lá no cimo daquele 
Firmamento quitar pessoalmente a
Minha conta atrasada e ser envolvido
Eternamente pelo azul mais azul já existente. 

BH, 01º0902019; Publicado: BH, 080402022.

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