domingo, 10 de abril de 2022

Finda-se este dia a findar-me mais um dia.

Finda-se este dia a findar-me mais um dia
Que não sei se terá amanhã manhã e
Quem saberá? e olho o anoitecer e meus
Olhos não enxergam mais os besouros a
Voltar às suas tocas e buracos e perguntam
Cadê as borboletas dos entardeceres e dos
Anoiteceres? e cadê os pirilampos e os 
Vagalumes e os cu de luz? e cadê os grilos
E os gafanhotos rotos e as libélulas? e cadê 
Os sapos e as mariposas e as cigarras? meus
Olhos são olhos de cegos perguntadores e 
Não adianta colocar altares em frente e 
Nem edifícios ou mesmo luxuosos espigões
E mansões e meus olhos são olhos de 
Blimunda mulher de Baltazar Sete-Sóis e 
Só querem enxergar lagartas e taruiras e
Lagartixas e só querem enxergar morcegos
E corujas e as constelações mais distantes e
Os aglomerados de galáxias mais longínquas 
E conjuntos de exoplanetas noutros sistemas 
Solares e o meu olhar pergunta qual é o 
Olhar que é mais olhar do que o meu olhar? e
Todos os meus olhares olham embevecidos
Para mim com os fundos dos olhos e todos os 
Fundos de olhos são fundamentos profundos 
E são azuis e mergulho nestas profundezas 
Para enxergar os outros mundos e os outros 
Universos e encontro o meu olhar num espelho
Polido de diamante celestial.

BH, 030902019; Publicado: BH, 0100402022.

Nenhum comentário:

Postar um comentário