terça-feira, 19 de abril de 2022

E não aprendi nada nas escolas.

E não aprendi nada nas escolas
E o que queria aprender era 
Como ser azul e nas escolas não 
Aprende-se a ser azul e uma 
Borboleta aprendeu a ser azul e 
Saiu por aí a esbanjar elegância 
E altivez num voo de embasbacar 
Testudos e casmurros e a vida 
Toda e não embasbaquei a não
Ser a mim mesmo esse testudo
Teimoso a garranchear letras e a
Cabriolar palavras rupestres em
Folhas de cavernas que depois
Ficam a amarelecer-se pelos
Recantos ou esquecidas como os
Ossos são esquecidos nos fundos
Das sepulturas ou lixões de aterros
Sanitários e morrerei sem aprender 
A ser azul ou a saber porque o céu 
É azul ou o que leva o firmamento 
A esse tom de cor azul de doer o
Coração e nessas lengalengas 
Penso que deixo poemas e nesses 
Nenhenehenhens penso que deixo
Poesias e morro de azia devido ao 
Meu estômago tão maltratado por
Gorduras e açúcares e alcoois e olho 
O  volume da minha pança e desisto
De querer ser qualquer tipo de azul 
E só fico com inveja e com despeito 
Pelo desprezo recebido e parto em 
Retirada com os meus defeitos entre
As pernas um cão vira-latas a
Perambular de calçada em calçada 
E a ser enxotado e chutado por
Transeuntes apressados que correm
Desesperados em busca do nada. 

BH, 01901102019; Publicado: BH, 0190402022. 

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