E não aprendi nada nas escolas
E o que queria aprender era
Como ser azul e nas escolas não
Aprende-se a ser azul e uma
Borboleta aprendeu a ser azul e
Saiu por aí a esbanjar elegância
E altivez num voo de embasbacar
Testudos e casmurros e a vida
Toda e não embasbaquei a não
Ser a mim mesmo esse testudo
Teimoso a garranchear letras e a
Cabriolar palavras rupestres em
Folhas de cavernas que depois
Ficam a amarelecer-se pelos
Recantos ou esquecidas como os
Ossos são esquecidos nos fundos
Das sepulturas ou lixões de aterros
Sanitários e morrerei sem aprender
A ser azul ou a saber porque o céu
É azul ou o que leva o firmamento
A esse tom de cor azul de doer o
Coração e nessas lengalengas
Penso que deixo poemas e nesses
Nenhenehenhens penso que deixo
Poesias e morro de azia devido ao
Meu estômago tão maltratado por
Gorduras e açúcares e alcoois e olho
O volume da minha pança e desisto
De querer ser qualquer tipo de azul
E só fico com inveja e com despeito
Pelo desprezo recebido e parto em
Retirada com os meus defeitos entre
As pernas um cão vira-latas a
Perambular de calçada em calçada
E a ser enxotado e chutado por
Transeuntes apressados que correm
Desesperados em busca do nada.
BH, 01901102019; Publicado: BH, 0190402022.
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