quinta-feira, 28 de julho de 2022

não tenho controle de nada

não tenho controle de nada
nem tenho controle de mim
deixo meus desejos imoderados incontroláveis
causo então constrangimento público
desequilíbrio social
conflito doméstico
quero comer o que não devo comer
quero beber o que não me convém beber
falar palavras fenecidas
incomodo com o que falo
com o meu comportamento
sem discernimento
sem consciência de classe
inconsciente de causa
sem paciência
haja paciência pela falta de ciência
por mais vivência perco a cadência
sou uma sofrência
na luta pela sobrevivência
que nem aparento querer sobreviver
só morrer
mas a morte não quer 
quem já está morto
roto torto esgoto escroto grosso áspero
não espero
não inspiro
nem sou esperança de quem quer que seja
nem a cura para as mazelas da humanidade 

BH, 040501002022; Publicado: BH, 0280702022.

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