quinta-feira, 8 de junho de 2023

JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL, PRIMA DONA

Eu não te dou predarias
nem um brilhante legado.
Vindo de terras sombrias,
vivo num sonho amparado.

       Qual D. Quixote, eu luto
       contra os moinhos do mundo.
       A fome morde no fruto,
       no pomo do amargo profundo.

            Canta a ária da ternura
            junto ao meu coração.
            Sê tu nobre criatura,
            faz do lirismo a razão.

Vem e concerta comigo
o concerto de alegria.
Um só acorde contigo
já consagra a sinfonia.

    Eu te esperei inteira.
    Valeu a pena esperar.
   O amor é grão, sementeira
   que ensina a gente a plantar.

Sinhá de imensa bondade,
vem me trazer alforria.
Eu mourejo noite e dia
por uma tal liberdade.

Tu és mais que Julieta;
O Romeu não teve assim.
Rima rica borboleta
ninfs Verona de mim.

Meu ataúde tristonho
faz-me um jogral da saudade
que implora o tom risonho
do que chamamos verdade.

Celebrar cantando agors
a ide amorosa da ação
que tem o mago condão
de despertar uma aurora.

Dama de boa família,
minha musa da canção.
Brasileira de Brasília
a donzela do sertão.

Está aberta a temporada
do amor perfeito. Pois é.
O bem é o tudo que até
existe em torno do nada.

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