quinta-feira, 15 de junho de 2023

Vicente Celestino, Coração Materno.

 Disse um campônio à sua amada

Minha idolatrada, diga o que quer

Por ti vou matar, vou roubar

Embora tristezas me causes, mulher

Provar quero eu que te quero

Venero teus olhos, teu porte, teu ser

Mas diga, tua ordem espero

Por ti não importa matar ou morrer

E ela disse ao campônio, a brincar

Se é verdade tua louca paixão

Partes já e pra mim, vais buscar

De tua mãe, inteiro o coração

E a correr o campônio partiu

Como um raio na estrada sumiu

E sua amada qual louca ficou

A chorar na estrada tombou

Chega à choupana o campônio

Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar

Rasga-lhe o peito o demônio

Tombando a velhinha aos pés do altar

Tira do peito sangrando

Da velha mãezinha o pobre coração

E volta a correr proclamando

Vitória, Vitória, tem minha paixão

Mas em meio da estrada caiu

E na queda uma perna partiu

E à distância saltou-lhe da mão

Sobre a terra o pobre coração

Nesse instante uma voz ecoou

Magoou-se, pobre filho meu?

Vem buscar-me, filho, aqui estou

Vem buscar-me, que ainda sou teu.

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