segunda-feira, 19 de junho de 2023

rio à beira dum riacho acho

rio à beira dum riacho acho
regato gato mio em si bemol menor
à ursa maior felino menino malino moleque
ribeirão mata a sede do meu coração açude
temporário seco templário pinguela bamba
corda acorde acode acorda o comboio de
pêndulo que pede à lua nua prateia a rua
para a moça namorada não passar no escuro
sozinha ao voltar da casa do namorado pela
estradinha que margeia à noitinha a branca
casinha quintal da vizinha terreiro da
madrinha terreno da igrejinha tudo na
cidadezinha é ladainha à tardinha morrinha
vento modorrento menino do bairro luxento
que diz assim não aguento andar de carro de
boi olá montar em jumento cavalo sebento
mosca rodoleiro traz o unguento bicheira
coitado do asnento não vai servir ao vigário
o assento a paróquia não tem outro
rabugento vai ter que ser a pé no açoite do
relento nas visitas aos ralados pelo templo
abandonados rebentos que comem terra
brincam no chão um dia lamacento quando
cai um chuvinha de alento noutro poeirento
o bom deus manda um frescor sonolento
nem é mais hora de sesta já vou até embora
meu avô tem que contar história de caçador
de onça lampião vaqueiro boiadeiro canga
bruta de cangaceiro minha avó só cantoria
de rio preto assombração pai afoga o ganso
ganho mais um irmão esse não vai morrer
não vai ser batedor amanssador de burro
bravo laçador de rês arredia que corre à
revelia então adeus minha mãe até outro dia
pois não aprendi a fazer nada vou tentar
fazer poesia ou quem sabe poema que seja o
pão meu de cada dia

BH, 0180502023; Publicado: BH, 0190602023.

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