regato gato mio em si bemol menor
à ursa maior felino menino malino moleque
ribeirão mata a sede do meu coração açude
temporário seco templário pinguela bamba
corda acorde acode acorda o comboio de
pêndulo que pede à lua nua prateia a rua
para a moça namorada não passar no escuro
sozinha ao voltar da casa do namorado pela
estradinha que margeia à noitinha a branca
casinha quintal da vizinha terreiro da
madrinha terreno da igrejinha tudo na
cidadezinha é ladainha à tarde morrinha
vento modorrento menino do bairro luxento
que diz assim não aguento andar de carro de
boi montar em jumento cavalo sebento
mosca rodoleiro traz o unguento bicheira
coitado do asnento não vai servir ao vigário
o assento a paróquia não tem outro rabugento vai ter que ser a pé no açoite do
relento nas visitas aos ralados pelo templo abandonados rebentos que comem terra
brincam no chão um dia lamacento quando
cai um chuvinha de alento noutro poeirento
e o bom deus manda um frescor sonolento e
nem é mais hora de sesta já vou até embora
meu avô tem que contar história de caçador
de onça lampião vaqueiro boiadeiro canga
bruta de cangaceiro e minha avó só cantoria
de rio preto assombração pai afoga o ganso
ganho mais um irmão esse não vai morrer não vai ser batedor amanssador de burro
bravo laçador de rês arredia que corre à
revelia então adeus minha mãe até outro dia
pois não aprendi a fazer nada vou tentar
fazer poesia ou quem sabe poema que seja o
pão meu de cada dia
BH, 0180502023; Publicado: BH, 0190602023.
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