segunda-feira, 5 de junho de 2023

Mário Quintana, Antologia Poética, Crônica.

Sia Rosaura tirava a dentadura para comer
Por isso ela tinha o sorriso postiço mais sincero da minha rua
Dona Maruca fazia uns biscoitinhos minúsculos, estalantes e secos chamados mentirinhas
Eduviges era pálida e lia romances lacrimosos de Perez Escrich
Tanto suspirou em cima deles que acabou fugindo com um caixeiro-viajante
O tempo se desenrola como um rio por entre as casas de portas e janelas
Pequenas vidas
Pequenos sonhos
Na noite imensa as estrelas eram como girândolas brancas que houvessem parado
Sentados à porta
- dois santos, dois mágicos, dois sábios - 
meu velho Tio Libório e o velho farmacêutico propunham-se charadas que depois orgulhosamente remetiam sob nomes supostos para o grande anuário estatístico recreativo e literário da capital do Estado.

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