domingo, 31 de agosto de 2014

Há horas que estou aqui de prontidão; BH, 0300803014; Publicado BH, 0310802014.

Há horas que estou aqui de prontidão,
Não passa um corisco,
Um vaga-lume,
Como não passa um cavalo arreado;
Há horas que estou aqui,
Desde antes
E não cai uma estrela do céu;
O mar ficou longe,
Atrás daquela montanha
E não ouço mais o barulho das ondas,
Mesmo quando ausculto o meu coração;
Não ouço mais o trem a correr nas linhas,
O comboio nos trilhos,
Nada mais ouço no silêncio da linha do horizonte;
E eram tantas as esperanças,
Que não imaginava que iria perdê-las tão cedo
E perdido as perdi no meu peito partido;
Peito que de outrora era de menino levado,
Menino arteiro;
E hoje é de velho leviano,
Preso neste outeiro;
Lá embaixo vejo as almas na cidade,
Todas almas que caíram;
Além vejo os espíritos,
Todos já passados;
 E há horas que estou aqui de prontidão,
Lá embaixo as luzes da cidade
E os vaga-lumes correm para elas e se queimam.

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