segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Llewellyn Medina, Se eu fosse um homem rico.







Se eu fosse um homem rico

Se eu fosse um homem rico
distribuía minha riqueza
como o agricultor generoso
distribui as sementes no acolhedor úbere da terra
se eu fosse um homem rico

se eu fosse um homem rico
divulgava os gregos que deveria ter lido
como João divulgou no deserto  o sonho
certo de que o Messias estava pra chegar
se eu fosse um homem rico

se eu fosse um homem rico
cantava o poeta que não li
“to be or not to be”como don Jose cantou
seu canto de abandono de Carmem
se eu fosse um homem rico

se eu fosse um homem rico
como foi Sócrates antes de mim
dava tudo o que amealhei pacientemente
mais ainda daria o que amealharam por mim
se eu fosse um homem rico

se eu fosse um homem rico
como foi o marinheiro antes de mim
perseguia as estrelas todas elas
na busca do silêncio que vem do oceano
quando o horizonte possível torna-se longínquo e incerto
se eu fosse um homem rico

se eu fosse um homem rico
como  meus filhos todos aqueles
Noé levou pra sua arca
aquela que guarda os segredos
que explicam o trovão de Deus
era certamente o crédulo que não sou
se eu fosse um homem rico







se eu fosse um homem rico
esvaziava o peito de anseios que guardo de mim
como o sedento esvazia a fonte da vida
que sabe não o salvará
a sede não nunca  se sacia
se eu fosse um homem rico...

sou o que a fortuna me propiciou ser
homem semente raiz sonho
sonho principalmente um ser ente sem fim
sou o que não sei de mim

pois o que sei “omnia meum mecum porto”.

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