O desenhista desta cena
É a pessoa que desenha esta sentença
Que sabe projetar esta frase
Formar este período
Dar relevo a esta ideia
Delinear o pensamento
Representar assim a alma
Desenhar assim o espírito
É o que já aprendeu a muito
O desenguiçar do ser
Já sabe tirar o enguiço da máquina
Fazer funcionar
Desenredar o sistema
Como tirar manchas de gorduras da pele
Tirar a gordura do corpo
Ao desengordurar a carne
Quanto ao desconjuntar das articulações
O sair dos gonzos os nervos
O desunir-se dos ossos do esqueleto
Este saberá impedir total desengonçar
Não será o que ginga ao andar
Não será o que tem as articulações lassas
Vivem sem aprumo
Com o ente desconjuntado
O cérebro desengonçado
Ninguém quer desarmar-se
Também despojar-se de si mesmo
Todo mundo só quer é disparar arma de fogo
Todo mundo só quer é desfechar porrada na cara um doutro
Ninguém quer desengatilhar-se
Nem desatrelar-se dos animais da carruagem do mal
Soltar o engate da corrente
Desaperrar sem o dom da violência
Até quando o mundo viverá sem desengatar as marchas
Aceleradas dos celerados?
Até quando a humanidade viverá sem desengasgar-se
Do grito de basta pelo fim da infelicidade?
É hora de tirar o engasgo
Arrancar o peso da língua
Basta de desilusão
Basta de desengano
De desenganar:
Está aí a eutanásia
É para tirar o engano
De adquirir formal certeza
É hora de desiludir-se
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