segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Llewellyn Medina, Ode ao Pau Velho.

Ode ao Pau Velho


                O Pau Velho é como um veio
vai  do coração de minha infância
até  depois de mim
minha permanência fugaz
o Pau Velho não tem fim


o Pau Velho lembrança perene
sentimento entranhado indene
compartilhado comigo mesmo
um rastro fio de Teseu
da imortalidade juvenil ao Nada
à decrepitude portal para a Grande Ceifadeira
vem lampeira  vem certeira
flecha desde sempre disparada
blasé aguardo sua chegada
o Pau Velho não tem fim


o Pau Velho casas geminadas
bulevar anseios se perdiam
principalmente se perdiam
mundo mundo mundo
pequenino vasto mundo
não tinha fim o Pau Velho
o Pau Velho não tem fim


o Pau Velho era assim
jogo de pião como se fosse agora
                pelada de futebol no campinho
papagaio empinado sozinho
o rio costurava a paisagem
testemunha silenciosa ao lado
banho nele minha mãe proibia
schitosoma mansoni ela dizia
oh! tanta proibição
tanta coisa proibida
dez são os mandamentos ou não
eram muitos mais então
o Pau Velho era assim
o Pau Velho não tem fim



o Pau Velho não tem fim
éramos eu e Miguilim
ungiu-me pela primeira vez
o oculto Deus-Sangue do Rio
afogou-me  revivi
uma torrente pulsante
daqueles dias de infante
aos dias depois de mim
o Pau Velho não tem fim.

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