segunda-feira, 30 de julho de 2012

Noturno Nº 6; BH, 090702011; Publicado: BH, 0300702012.

Bebi da água que não matava minha
Sede e comi da carne que não me
Saciava; dormi o sono que me deixava
Com mais sono e sonhei o sonho
Que me mostrava os pesadelos da
Realidade da minha vida; e por
Tempo que vivi foi com sede,
Foi com fome, com sono e sem
Sonho; como almejaria que Deus
Segurasse a minha mão quando
Escrevo para não tremer a letra
De insegurança e intranquilidade
Neste tortuoso papel; bebi o sangue
Que não era meu, sabias? era um
Sangue sagrado, grosso, quente,
Consistente, dava para fazer um
Molho pardo; e em cada esquina
Em busca dum trago, alimentava a
Minha sede; e em cada esquina
Um pedaço de carne não escolhida
Para tira-gosto; qualquer parte de
Cadáver servia para ser seviciada;
Umas carnes eram tenras, lavadas
Com leite materno, perfumadas
Com hormônios de rainhas, naturais
Abelhas doces; outras eram carnes
Cavernosas, nervosas, com nervuras
Expostas, carcomidas pelas feridas
Dos hematomas hermafroditas;
Bebi lágrimas e salivas; bebi óvulos
Fecundados; bebi babas e a sede de
Sempre continuava saariana; e no
Último pedaço de carne, meio crua,
Engasguei-me, não passei pela uretra
E morri afogado num vaso sanitário
De banheiro de bar de zona de boêmia.

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