Não durmais não durmais não nunca a morte
Pega os que dormem esses estão mais
Perto dela são dela estão com ela
Sentem no pescoço o frio da lâmina
Certeira não sonham vivem pesadelos
Na vida pensam que vivem mas são enganos
Pensam que falam a verdade mas mentem
Apresentam-se como heróis corajosos destemidos
Infalíveis mas são covardes são farsas não
Os homens mais homens que aparentam ser
Tirais-lhes as chupetas choram tirais-lhes
As mamadeiras esperneiam tirais-lhes
Os seios de mãe pirraçam tirais-lhes
Os peitos de pai ficam desprotegidos
Desgarrados do rebanho ovelhas perdidas
Presas em espinheiros pois dormem
Todos dormem de bocas abertas babam
Roncam ridículos polegares recém-nascidos
Querem ser eternos constroem catedrais querem
A posteridade erguem pirâmides cavam
Túmulos nas rochas maciças sepulcros
Nos mármores mais nobres dormem o
Sono não os deixa a morte empoleira-se
Nas pálpebras deles não os deixa acordados
Nunca grito-lhes levanteis andeis sejais
Das estrelas elevais-vos além do além
Façais das cordilheiras montículos domeis
Vulcões bebais-lhes a lava respondais
Qual a velocidade suficiente para andar
Sobre as águas? qual a equação que mostra
Como se controla o universo? quem dorme
Jamais conseguirá as respostas quem dorme
Não vê o que o Borges viu fogem da
Realidade no sono fazem do sonho
A única maneira de ser felizes
Nenhum comentário:
Postar um comentário