à mercê do vento em popa

à mercê do vento em popa

embarcação sem remo

e sem leme

e sem velas 

e sem motor

e para o lado que o vento venta

é o lado que vou

e penso que estou do lado de lá a enjoar

e quando me dou

estou é do lado de cá a vomitar

e as ondas vêm

e as ondas vão

e nos tubos das ondas

surfa o meu coração

e jonas chego à praia

no ventre do peixe maior

e a morena de maiô encantado

sereia serena me enfeitiça

com o seu amor

e mata a minha sede de beijos

e alivia meus desejos na areia com calor

e o sol por testemunha abençoa a nossa

comunhão lá do esplendor do céu azul

ai que vontade de morrer em teus braços

morena serena sereia

e ressuscita num abraço eterno na

imensudão desse teu regaço

onde aprendo tudo que faço

com satisfação

e te ter é a minha devoção de beato

e de carola

e de cristão

e se for pecado deus abrirá um hiato

e me dará a tua mão

e seguiremos de mãos atadas

a andar sobre as águas

igual jesus andou com um pescador que

afundou pois era pecador

BH, 0240202023; Publicado: BH, 0100302023.