que resgatará fantasma do limbo poeta
do ostracismo espectro das
trevas
e não pode ser uma obra de arte
qualquer
há de ser a mais bela de
todas as belas-artes
inclusive das artes
plásticas da sétima arte
porém bardo
só canta as malasartes
vate só chora
em lamentações de eunuco
aedo só
declama em ladainhas que enchem
os
ouvidos de lamúrias dessas mumunhas
não saem as coisas que agradem às musas
ou às ninfas ou mesmo às linfas
e as
obras-primas continuam debaixo de
lavras
de montanhas em veios de
cordilheiras em encostas de falésias
e o lavrador não
tem ferramentas
só as mãos os dedos as unhas
perde tudo nas rochas dos
rochedos milenares
perde os pulsos os fluxos
e até os braços
e pensa que
satisfaz aos insatisfeitos insensatos
e
se pensa sensato
e recebe esculacho dos
críticos
e quando são removidas as
ruínas das devastações
as obras eram
simulacros
e o poeta era o que menos
importava
e chorou para as flores mortas
e para as folhas de relvas ressequidas
onde ficaram suas pegadas nas cinzas que
o vento espalhava pelos quintais nos vendavais
BH, 01°0302023; Publicado: BH, 0260302023.
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