da corcova da cacunda do cacaio da bunda
e quasímodo passa por mim a sorrir narciso
e acho o morador de notre-dame um belo
é que
não tenho nada do seu amor mas
escondo-me nos escombros assombração
nos entulhos sobrenatural
e nas ruínas flagelado
e nos monturos refugiado
e longe de mim exilado
e fantasma no limbo
e até ectoplasma materializado em sessões
e espectro meto medo nas aparições
e se ainda tivesse um amor para morrer por amor
mas cadê a minha amada esmeralda?
qual o cardeal que roubou de mim
a minha pérola rara?
e a me deixar assim sem a minha joia da coroa
e a cereja do meu bolo pois quero morrer
e me apodrecer siamês
e quero me decompor xipófago
e irmão gêmeo univitelino do meu amor
assassino
que me matou pois me deixou
morrer na inanição
e dei trabalho para desenlaçar os nossos esqueletos
e os estudiosos confusos não sabiam
qual era a minha caveira
e nem qual era a caveira da minha esmeralda
de tão intrísecos engendrados
e de tão engendrados intrísecos
estavam
os nossos ossos das ossadas
tanto os
profanos quanto os sacros
e só assim falaram de mim por imitar
o corcunda
que amava demais
sem esperança de ser correspondido
e só queria ter a certeza de que amava
e nada mais importava
nem a vida
e nem a morte
nem o azar
e nem a sorte
só o corpo morto do amor em vão
BH, 0270202023; Publicado: BH, 0220302023.
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