quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Patagônia, 1157, 7, Ave-Maria Preta cheia de África; BH, 02201202011; Publicado: BH, 0260202014.

Ave-Maria Preta cheia de África
O Senhor nunca foi contigo santificado não
Seja o teu nome o único benditos sejamos
Frutos do teu ventre muitos para
Escravos guerras genocídios a civilização
A modernidade te devem os céus o
Sangue derramado dos filhos teus que
Morreram de fome para que muitos outros pudessem
Comer Ave-Maria Preta lavadeira passadeira
Cozinheira escrava sexual perdoa os
Pecados dos teus algozes
Santa Maria Preta mãe de deuses que sofrem
Preconceitos racismos perseguições roga
Por nós os verdadeiros pecadores em tuas
Rezas de mandingas ladainhas cantos cânticos nagôs
Agora na hora da nossa morte eterna;
Santa Ave-Maria Negra que a ti vibrem
Todos os tantãs tambores tamborins todos
Os atabaques em batuques macumbas
Candomblés que cantem todos os pretos-velhos
Suas histórias de geração em geração esquecidas
Ave-Marias de milhões de filhos sacrificados
Em senzalas terreiros pelourinhos ensanguentados
Santa Ave-Maria Preta Negra cheia de África
Os senhores da Casa Grande os senhores de engenhos
Que não sejam contigo nunca mais que todos os teus
Filhos não sejam mais bastardos nem escondidos
Nos pisadores nem os pais sejam feitores
Capatazes estupradores que quantas Áfricas vierem a
Vergonha não seja repetida a liberdade a
Igualdade sejam conquistas permanentes que
Todas as nódoas manchas cicatrizes calos
Sirvam só como glórias dum passado de luz para o futuro
Amém

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