Meia-noite
Estou à espera dalgum fantasma
Algum espírito algum deus
Meia-noite
Mas que nada nem deuses nem
Espíritos nem fantasmas nada
A única assombração que teima
Em latejar aqui sou a que
A única sombra que cisma em
Rastejar nos lajedos latejantes
Sou o que
O único simulacro que reverbera
Em silhuetas nas paredes escuras
Dos edifícios que se escondem na
Trevas sou o que
Cansado estou só sozinho no
Enfado no tédio
As outras ramificações de mim
Bateram as portas do meu coração
Pelo lado de dentro não há
Nada em em mim que me faça
Lembrar que sou alguma coisa
Procurei a todos que me possuíam
Abandonaram meu cadáver na
Encruzilhada como se fosse um
Despacho para macumba de
Encomendação
Que novidades apresento nas
Pegadas que deixo no papiro ou
No papel ou no pergaminho escuro?
Antes que os montes nascessem
Se formassem a terra o mundo
As novidades já eram antigas mais
Do que imagina a nossa vã filosofia
Enquanto dirigem carros a trezentos
Quilômetros por hora guiam
Máquinas voadoras galopo pensamentos
À velocidade da luz
Num piscar de olhos visito todos
Os universos passados presentes
Vindouros
Não encontro deuses fantasmas
Ou espíritos
Sozinho só sou a sós solitário ermo
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