Fadado ao castigo eterno
Por simplesmente existir
Fadado à prisão perpétua
Por igualmente respirar o ar
Fadado ao corredor da morte
Por não ter sorte
Destilar só azar
Fadado a encontrar segurança
Só nas trevas
A camuflar-se nas sombras
A escapar pelos labirintos das penumbras
A luz ao invés de o clarear
Cega-o inda mais
Por não ser morcego
Espatifa-se nas escarpas dos abismos
Sem companhia
A sós com os seus habitantes das
Suas moradas assombradas
Seres sobrenaturais
Assombrações universais
Tênues simulacros nas grandezas interdimensionais
Faustos iludidos a quem Mefistófelis passou a perna
Veio fazer a cobrança bem antes da hora
Pagou a fatura com o sacrifício do filho doido
Que Caim gerou com a própria irmã
Com as outras almas escuras
Que Noé gerou com as próprias filhas
Numa noite de bebedeiras de orgias
O ser humano é assim
Vai fadado a arrastar a própria sina
Num dia serve a Deus
Noutro ao Diabo
Pois não há na face da terra
Um só sequer
Que sirva a um só
Quem tem dois sentidos não assa milhos
Mas entre esses há exceções
Os que assam só brasas no corações
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