sábado, 1 de março de 2014

Fadado ao castigo eterno; BH, 0290102013; Publicado: BH, 01º0302014.

Fadado ao castigo eterno,
Por simplesmente existir,
Fadado à prisão perpétua,
Por igualmente respirar o ar;
Fadado ao corredor da morte,
Por não ter sorte
E destilar só azar;
Fadado a encontrar segurança,
Só nas trevas,
A camuflar-se nas sombras
E a escapar pelos labirintos das penumbras;
A luz ao invés de o clarear,
Cega-o inda mais
E por não ser morcego,
Espatifa-se nas escarpas dos abismos;
Sem companhia
E a sós com os seus habitantes das
Suas moradas assombradas,
Seres sobrenaturais,
Assombrações universais,
Tênues simulacros nas grandezas interdimensionais,
Faustos iludidos a quem Mefistófelis passou a perna
E veio fazer a cobrança bem antes da hora;
E pagou a fatura com o sacrifício do filho doido,
Que Caim gerou com a própria irmã;
E com as outras almas escuras,
Que Noé gerou com as próprias filhas,
Numa noite de bebedeiras e orgias;
E o ser humano é assim,
Vai fadado a arrastar a própria sina:
Um dia serve a Deus,
Noutro ao Diabo,
Pois não há na face da terra,
Um só sequer,
Que sirva a um só;
Quem tem dois sentidos não assa milhos,
Mas entre esses há exceção,
Os que assam só brasas no coração.

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