Passar diante dum monumento
E não ter a mínima curiosidade,
Não ter um pulsar de pulso fraco,
Não ter um bater de pálpebras,
Não é passar diante dum monumento,
É estar mais morto do que o monumento;
E se esse monumento for uma montanha?
E se esse monumento for um colosso?
E se esse monumento for uma maravilha?
Se passares diante dele pequeno,
Como se não passasses diante dele,
Sairás menor de diante dele;
Passar perante uma duna milenar
E não ter um suspiro,
Passar perante uma pirâmide
E não ter um soluço,
Não é passar diante duma pirâmide,
Não é passar diante duma duna;
Passar num cais
E não sentir as pedras,
Passar num porto
E não vislumbrar as naus,
Passar num outeiro
E não vivenciar os castelos?
Não é passar,
É voltar sem ter ido,
É rastejar e andar sem deixar pegadas,
Voar sem deixar rastos no ar
E pelo menos um olhar,
É para se deixar nas vistas das pradarias;
Pelo menos uma miragem,
É para se imaginar na paisagem
E numa pincelada de cílios e pestanas,
Imortalizar nas retinas ciganas
As belas artes das telas das falésias,
Que tanto encantam aos artistas.
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