segunda-feira, 3 de março de 2014

Mário de Andrade, Quando eu morrer.

“Quando eu morrer quero ficar, 
Não contem aos meus inimigos, 
Sepultado em minha cidade, 
Saudade. 
Meus pés enterrem na rua Aurora, no 
Paiçandu deixem meu sexo, na 
Lopes Chaves a cabeça esqueçam; n
Pátio do Colégio afundem o meu coração paulistano: 
Um coração vivo e um defunto bem juntos. 
Escondam no Correio o ouvido direito, 
O esquerdo nos Telégrafos, 
Quero saber da vida alheia,
Sereia. 
O nariz guardem nos rosais, 
A língua no alto do Ipiranga para cantar a liberdade. 
Saudade…
Os olhos lá no Jaraguá assistirão ao que há de vir, 
O joelho na Universidade, 
Saudade…
As mãos atirem por aí, 
Que desvivam como viveram, 
As tripas atirem pro Diabo, 
Que o espírito será de Deus.
Adeus.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário