Alguns querem despertar a alegria numa ode
Bebem vinho
Bebem muito vinho
Ficam embriagados
Perdem a lucidez
Outros querem despertar os músculos
Usam bombas de esteroides anabolizantes
Levantam pesos
Malham em academias
Outrem querem despertar a libido
Usam viagra cialis
Afrodisíacos doutros estimulantes
Se pudesse escolher diria que
O que quero despertar é a escrita
Gritar para as letras
Levantem andem ganhem vida
Gritar para as palavras falem
Mas sou mesmo um Lázaro
Dependo dos altos
Dos universos insondáveis
Não tenho como despertar a escrita
Que já nasce natimorta
Já nasce escrita defunta
Com cheiro de cadáver
Com ares sepulcrais
De cemitérios de féretros
De enterros de semblantes fúnebres
Macabros duma escrita que é réquiem
Por si só suicida mórbida
Nunca se transformará numa Ode Triunfal
Numa Ode à Alegria
Numa Ode Marcial
Numa Ode às Obras de Arte
Numa Ode às Obras-Primas
Será sempre uma Elegia
Uma funesta onde nunca terei
Como ressuscitá-la pois durmo
Não acordo dos pesadelos estranhos
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