sexta-feira, 21 de março de 2014

Louco sei que sou louco; BH, 0501202013; Publicado: BH, 0210302014.

Louco sei que sou louco
Só uma loucura pode explicar as coisas que sei
Sei tudo que diz respeito ao nada
A respeito do nada sei tudo
Quem quererá saber
Inda mais a partir dum louco vadio
A vagabundear pelas estrelas
A andar pelos planetas
A sair do corpo nas noites de tempestades
Para onde o tempo parou
Para a viagem de volta
Ao hospício o infeliz do corpo torturado
Tatuado com os rabiscos na carne,
Cicatrizado das reminiscências rupestres
Hoje denominadas patrimônios fósseis
Iguais as estrias dos ossos universais
Dos esqueletos retorcidos
Das caveiras a sorrir
São frutos de estudos técnicos a desvendar épocas
Amanhã não estarei aqui
Dói em mim esta verdade
O que será de mim?
É que penso muito em não estar aqui
Alguém precisar do meu ombro
Dói em mim esta realidade
Indago onde estarei se alguém chorar?
Não poderei consolar
Enxugar as lágrimas
Abraçar a falar mentiras para o choro sorrir
Entristeço-me à toa à toa à toa
Um menino que perdeu algo
Foi embora da roça
Se mudou do campo
Largou a fazenda
Desterrou-se da terra
Hoje sufocado
Asfixiado sofre odiado e a odiar
Não vive amor não existe
Morre de medo do futuro
Do escuro incerto
Aguarda sereno a senilidade
Débil ancião abandonado
Onde me esconderei
Para chorar desesperado?

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