Não vos direi nada
Deixarei que o meu coração diga
É o único órgão
Que pode falar por mim
Antes de me matar
Não sossegarei
Não quererei calmaria
Bonança
Águas tranquilas
Não quererei refrigeração da minh'alma
Seria inútil
Estúpido
Tal vil hipócrita
Pagarei o que tiver de pagar
A quem vier cobrar-me
Se não houver cobrança
Nada também pagarei
Se houver cobrança
Não tiver como pagar
Com sangue
Alma
Espírito
Também não pagarei
Das palavras que disse
Lavarei a boca com sangue
Quem quiser que lave com água
Com vinho
Ou com leite
Quem quiser
Que inda lave com mel
Par a tirar o ranço do amargo da língua
Do que estiver impregnado no céu da boca
Não vos direi mais nada
Não tenho purificador de palavras
Palavras são palhas
Quem mais gosta de palhas
São os ventos
Se há para quem direi alguma coisa
É para quem habita o olho do furacão
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