sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A semente da vida; RJ, 1977; Publicado: BH, 01801002019.

E sou um esperma de masturbação
E um esperma de masturbação
Lançado em terra seca
Em plena luz do sol do meio dia
E com o termômetro a marcar
40º à sombra
E sou um assassino assassinado
O calor me secou antes do tempo
E mal toquei a terra
Já estava morto
E sou u morto masturbado
Em lugar dum óvulo
Encontrei tera e areia
Sal e calcinação
E não posso sobreviver sem um óvulo
Não posso fecundar sem o óvulo
Tem que ter um óvulo
Ainda mais que sou 
A semente da vida
Ou será que sou
A semente da morte?
Lanço aqui o meu protesto
Quero mais respeito comigo
É de mim e do óvulo
Que se nasce muita gente importante
Muitos ministros corruptos
Muitos generais ditadores famosos
E muitos presidentes déspotas
É de mim e do óvulo
Que nasceu muita gente boa
Diz aí uma pessoa
Que não foi formada
Dum óvulo e dum esperma?
E não existe essa pessoa e
Desde de milhares de anos antes de Cristo
Que eu já existia
Mas se me lembro
Nunca fui tratado como atualmente
E nunca fui combatido como hoje
E usam todos os tipos de armas
Para me exterminarem
E usam todos os tipos de cirurgias
Para impedirem o prosseguimento
De minha fecundação à vida
São todos contra um
E sou o fruto do amor
E sou a herança de Deus
E vou mandar um pequeno lembrete
A médicos e químicos
Aos cientistas e demais pessoas
Que procuram a todo custo
Que andam a inventar à toda hora
Fórmulas e remédios e modos e jeitos
De acabarem comigo
Pois lembreis
Que também fostes feitos de mim
Em cada um de vós
Existe uma parte de mim
E se vossas mães
Não tivessem óvulos
E se vossos pais
Não tivessem uns espermas
Vós hoje não existiríeis 
E não estaríeis aí a inventar drogas
A inventar outros meios
De acabar com a semente da vida
Não vos esqueceis disso.

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