segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Sem ninguém; RJ, 1977; Publicado: BH, 0701002019.

Sem ninguém
A ensinar-me nada
Aprendi as coisas
Sem ninguém
A dizer-me nada
Falei as coisas
Sem ninguém 
A ensinar-me o alfabeto
Escrevi as coisas
Não sei se sou um gênio
Não sei se sou um santo
Mas meu último plano
É morrer a escrever
E não sei definir
O que quero escrever
Mas quero morrer a escrever
E a escrever sempre
Seja lá o que for escrever
Sem ninguém
Para olhar-me
Olhei o mundo
Sem ninguém para indicar-me
Indiquei o caminho
E não tenho orgulho 
E não tenho nada
Sou apenas isto
Que faço as coisas
Sem ninguém mandar
Sou apenas isto
Um sem ninguém
Mas sem ninguém
Para mostrar-me
Sem ninguém
Para profetizar-me
Eu um sem ninguém
Aprendi a amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário