terça-feira, 22 de outubro de 2019

E vinha a andar pela rua da cidade; RJ, 1977; Publicado: BH, 02201002019.

E vinha a andar pela rua da cidade
Quando passou por uma linda mulher
Passou e sorriu para ele
Ele sorriu e foi atrás dela
E quando conseguiu abordá-la
Que grande decepção
Não era mulher nada
Não era mulher não
Era um homem vestido de mulher
E quase caiu para atrás de vergonha do mico
Era um tremendo dum pederasta
E imagina um homem travestido de mulher
E ele a falou que era mulher
E ainda falou que ela era linda
E pensou que mundo é este que estamos
Os homens viram mulheres
E as mulheres viram homens
E ele só acreditava nessas coisas
Quando era bem criança
E o pessoal do tempo dele dizia
Que se a gente fosse ao arco-íris
A gente passava por uma transformação
Quem fosse homem logo virava mulher
E quem fosse mulher logo virava homem
Porém agora estava a ver claramente
Que não é preciso ir ao arco-íris
Para poder mudar de sexo
Para a gente poder ser
O que a gente realmente quer ser
E dizia que nasceu homem
E que quer ser homem
E que tem que se honrar
E se garantir até a morte
E que outro homem na vida dele
Só mesmo o próprio pai
E que não sabia o que se passava
Pela cabeça desses homens de hoje
E pensava que futuramente
Só vai existir pelo mundo
Homossexuais e lésbicas
E dava graças a Deus de que
Quando esse tempo chegar
Com certeza ele estará morto
E que não veria tanta vergonha
Tanta falta de orgulho
E de amor próprio e 
Inchava o peito estufado 
E tanta falta também que faz umas porradas
No lombo de gente sem vergonha
E a estourar tal uma rã
Porrada também ajuda a consertar linha torta
E fui criado à base de muito cacete
E levei porrada uma grande parte de minha vida
E não fui criado como mulher
E nem fui criado com frescura
Por isso até hoje sou homem
Garanto-me muito bem
E não envergonho-me de ser homem.

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