quarta-feira, 25 de maio de 2022

Não estou a fazer nada então para que esta angústia

Não estou a fazer nada então para que esta angústia
Então para que esta ansiedade então para que
Esta agonia se tenho a noite a madrugada e o dia
À disposição dos poemas que geram a minha poesia
E atrás de mim um passado a se perder de vista
E à minha frente uma linha do horizonte a ser transposta
E um infinito à minha espera à esperança
Então para que este grito e a estar aflito e então
Para que desespero e tormento se nem tudo é dinheiro
Para quem a eternidade é a meta e a posteridade
É o norte e a imortalidade é o caminho e
Então coração cessa a disritmia e para a taquicardia
A vida é picardia e a morte ironia para quem
Esnobou o aquém e almeja o além e a imaginação
E a meditação e a criatividade e a percepção
E a intuição e a geração e a criação e a evolução
E nunca o retrocesso ou o acesso ao obscurantismo
Obsceno ou o abcesso do mesmismo ou o
Tumor do conservadorismo e então para que tanta pressa
Para quem não vai morrer ou só vai morrer o físico
Ou só a carne pois os ossos continuarão aqui aí cá lá acolá
Com a nossa história registrada no nosso esqueleto
Com a nossa caveira a sorrir eternamente de felicidade
E então para que tanta aglomeração de gordura tantã
Envolta do coração com entupimento das veias
E obstrução do fígado e paralisação dos rins
E então para que dar ouvidos às reminiscências da morte?

BH, 090402020; Publicado: BH, 0250502022.

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