será que há ainda quem se interesse por poesias?
por escritas rupestres? por poemas eruditos? será
que há ainda audiências para odes? atenção para
elegias? quais são os artistas loucos ou os poetas
teimosos ou os aedos resistentes ou os bardos
bravos contemporâneos? ou os gladiadores das
arenas das culturas que não deixam morrer as
obras-primas nem deixam fenecer as obras de
arte as
belas artes a sétima arte? há muito leite para se tirar
das pedras tutanos a ser sugados dos ossos medulas
absorvidas das colunas cervicais águas das rochas
dos rochedos dos desertos infinitos os esmorecidos
fazem o mais do mesmo não saem dos lugares comuns
se apegam às facilidades aos superficiais não vão aos
lamaçais dos lodos dos subterrâneos não vão aos mantos
debaixo dos lajedos nem vão às lajes que sustentam as
falésias estão escondidos dentro desses ossos
fenecidos
de falsos fenícios desses esqueletos fósseis cujos
códigos que identificam a humanidade que são as estria
das amnésias da raça humana dentre todos o primeiro
que foi chamado de ser humano com o qual nasceu
a poesia no primeiro suspiro no primeiro soluço ou no
primeiro ai aí chorou-se a solidão do mundo marcou-se
a certeza do que seria o primeiro passo à evolução não
parou mais de criar de recriar a si mesmo até à perfeição
BH, 040202020; Publicado: BH, 060502022.
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