quinta-feira, 1 de setembro de 2022

e deixo a caneta tomar vida

e deixo a caneta tomar vida
e receber em estado de espírito
ou ser guiada por um fantasma
ou uma assombração
ou um sonâmbulo bêbado
funâmbulo a escrever crateras
de caracteres indescritíveis
nesta folha de papel morto
sem pauta
e sem margem
e sem cabeçario
e sem parágrafo
e como um psicográfico psicografo
as grafias frias
e abstratas
e obliquas desta esferográfica
inorgânica que
indecifravelmente mente
e finge esfinge à beira do abismo
e a lançar dilemas
aos viajantes antes
e a lançar desafios
e charadas
e quem não acertava
era devorado
e deixo estas escritas como
os escritos criados pelos
sumérios 
e as escrituras da mesopotâmia
e os gritos de despedida dos que
eram lançados nos termófilas
e se um dia longe de mim
e ai de mim
e aí malgrado meu forem
decifrar não caiam no ridículo
e nem na mediocridade
de simplório piegas
e imploro aos deuses do olimpo
como ser inglório um pouco
de glória para reverberar
a minha história

BH, 02001002021; Publicado: BH, 01º0902022.

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